quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Polícia Federal prende o petista Guido Mantega, na 34ª fase da Operação Lava Jato


A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira a 34ª fase da Operação Lava-Jato, a Operação Arquivo X. O ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi preso. Além de Mantega, outros alvos da ação são executivos das empresas Mendes Júnior e OSX Construção Naval S.A., assim como representantes de empresas por elas utilizadas para o repasse de vantagens indevidas. Também estão sendo cumpridos mandados no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, no Rio Grande do Sul, na Bahia e no Distrito Federal. Batizada de Operação Arquivo-X, a nova fase da Lava-Jato apura irregularidades em dois contratos assinados entre a Petrobras e o consórcio Integra Offshore, formado pela OSX e Mendes Júnior, para a construção das plataformas P-67 e P-70 para a exploração das reservas do pré-sal. Segundo a investigação, em meados de 2012, Mantega negociou com as empresas contratadas pela estatal para repassar recursos para pagamentos de dívidas de campanha. Entre as suspeitas de crimes, estão a prática de corrupção, fraude em licitações, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Ao todo, estão sendo cumpridos 33 mandados de busca e apreensão, oito prisões temporárias e oito mandados de condução coercitiva. O nome da operação, “Arquivo-X”, é uma referência à empresa OSX, do empresário Eike Batista, que costumava batizar as suas companhias sempre com a letra “X”, um sinal de multiplicação de riquezas, segundo ele. Em julho de 2012, o Consórcio Integra Ofsshore, formado pelas empresas Mendes Júnior e OSX, firmou contrato com a Petrobras no valor de 922 milhões de dólares, para a construção das plataformas P-67 e P-70, que são unidades flutuantes de produção, armazenamento e transferência de petróleo voltadas à exploração dos campos de pré-sal. Segundo os procuradores, ao longo das fases anteriores foi possível colher indícios de que cerca de 7 milhões de reais foram transferidos, entre fevereiro e dezembro de 2013, pela Mendes Júnior para um operador financeiro ligado ao PT. Os repasses foram feitos por meio de empresa de fachada, que não possuía uma estrutura minimamente compatível com tais recebimentos. Também foi identificado repasse de mais de 6 milhões de reais pelo Consórcio Integra Ofsshore com base em contrato ideologicamente falso firmado em 2013 com a Tecna/Isolux. O valor foi transferido no interesse de José Dirceu e de pessoas a ele relacionadas, conforme já foi apontado pelo Ministério Público Federal. Constatou-se ainda que, no mesmo período, empresas do grupo Tecna/Isolux repassaram cerca de 10 milhões de reais à Credencial Construtora – utilizada pelo ex-ministro-chefe da Casa Civil para o recebimento de vantagens indevidas. Também foram identificados, entre março de 2013 e junho de 2014, repasses de mais de 6 milhões de reais da Mendes Júnior a empresas ligadas a um executivo do grupo Tecna/Isolux. Além disso, o empresário Eike Batista, ex-presidente do Conselho de Administração da OSX, disse em depoimento ao Ministério Público Federal que, em novembro de 2012, recebeu pedido de Mantega, que era presidente do Conselho de Administração da Petrobras, para que fizesse um pagamento de 5 milhões de reais para o PT. Para operacionalizar o repasse da quantia, o executivo da OSX foi procurado e firmou contrato falso com empresa ligada a publicitários já denunciados na Operação Lava Jato por disponibilizarem seus serviços para a lavagem de dinheiro oriundo de crimes. Após uma primeira tentativa frustrada de repasse em dezembro de 2012, em 2013 foi realizada transferência de 2,3 milhões de reais no exterior, entre contas de Eike Batista e dos publicitários. Mantega é citado, ainda, na proposta de delação premiada do marqueteiro João Santana e de sua mulher Mônica Moura. De acordo com o casal, o ex-comandante da Fazenda foi designado pela ex-presidente Dilma Rousseff para cuidar da arrecadação do caixa dois da campanha de 2014 junto aos empresários. Em maio, Mantega foi conduzido pela Polícia Federal para prestar esclarecimento na Operação Zelotes, que o investiga por irregularidades no Conselho Administrativo de Recurso Fiscais (Carf). Ele é suspeito de ter usado o seu cargo como ministro para favorecer um amigo empresário.

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