domingo, 23 de outubro de 2016

Moody's eleva nota da Petrobras e muda perspectiva para estável

A agência de classificação de risco Moody’s elevou todos os ratings da Petrobras, incluindo o corporativo, de ‘B3’ para ‘B2’, diante dos menores riscos de liquidez e melhores perspectivas de desempenho operacional no médio prazo. Ao mesmo tempo, a agência elevou a perspectiva do rating da companhia de negativa para estável. Segundo a Moody’s, a elevação reflete, principalmente, a melhora no perfil de liquidez da Petrobras e no ambiente regulatório do setor petrolífero no Brasil nos últimos meses, que reduziram seu risco de crédito. O risco de liquidez da companhia caiu nos últimos meses em consequência da venda de US$ 9,1 bilhões em ativos até agora e cerca de US$ 10 bilhões em troca de títulos de dívida no terceiro trimestre, que aumentou a maturidade do endividamento. Alguns fatores externos também ajudaram a companhia a atingir suas metas de geração de caixa e de venda de ativos, como o aumento de confiança do mercado brasileiro, após o processo de impeachment presidencial e a apreciação do real, que reduziu os custos de capital e o nível de endividamento da estatal. “O novo rating também considera a habilidade administrativa da Petrobras em avançar com suas estratégias financeira e operacional e seu compromisso com políticas financeiras mais conservadoras, como mostrado no plano de negócios de 2017 a 2021”, notou a Moody’s, lembrando que os desafios para a execução do plano ainda são grandes. A perspectiva do rating também melhorou, porque na visão da Moody’s, a liquidez e os riscos de crédito irão melhorar gradualmente nos próximos 12 a 18 meses, impulsionados pelos ajustes operacionais, por um mais oportunidades de refinanciamento da dívida e por mais vendas de ativos. Por outro lado, a agência alerta sobre as incertezas das multas que a Petrobras poderá ter que pagar em relação às ações coletivas nos Estados Unidos. As melhores perspectivas financeiras e operacionais da Petrobras nos últimos meses se resumem à robustez e à qualidade da nova administração da estatal, informou Nymia Almeida, analista da Moody’s para a Petrobras. Segundo ela, estes foram os principais motivos para a agência de classificação ter elevado a nota de crédito da companhia. “Com isso (mudança da administração) está sendo possível emitir no mercado de valores, vender ativos e fazer uma política de preços transparente". “A notícia é boa, mas a situação da Petrobras ainda é muito delicada, não é ideal, considerando que já faz dois anos que a empresa saiu do grau de investimento. O mais preocupante é a dívida que ela precisa pagar em dois anos, de US$ 27,6 bilhões”, disse Nymia. Outro grande risco citado por ela é a incerteza em relação ao valor do pagamento de multa pela Petrobras referente às ações coletivas nos Estados Unidos. De acordo com Nymia, um montante “exageradamente” alto seria um dos fatores que levariam ao rebaixamento. “Também poderíamos rebaixar novamente o rating da empresa caso os preços do petróleo subirem muito e por algum motivo a estatal não consiga repassar isso ao mercado. Mas esse não é nosso cenário-base. Embora voláteis, os preços estão se estabilizando”, afirmou. A elevação dos ratings é bem-vinda, mas a companhia ainda tem muito trabalho pela frente para retomar o grau de investimento, disse Nelson Silva, diretor de estratégia, organização e sistema de gestão da estatal. “O upgrade é bem-vindo, mas temos muito trabalho pela frente, é importante ressaltar. O plano de negócios foi anunciado, agora vem a fase da execução, que é mais desafiadora”, disse depois de participar de um evento de infraestrutura em São Paulo. De acordo com Silva, é positivo ver que existe uma percepção melhor do crédito da companhia no mercado. "Temos que executar plano e entregar resultados. Esperamos que a percepção vá melhorando ao longo do tempo", afirmou. Logo após a elevação da sua nota de crédito pela Moody’s, as ações preferenciais (PN) da Petrobras aceleraram seus ganhos, superando o patamar de R$ 18 pela primeira vez desde 17 de outubro de 2014. Desde então, o papel foi perdendo valor e atingiu sua mínima em 26 de janeiro deste ano, cotada a R$ 4,20. Agora está a R$ 18,00.

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