domingo, 23 de outubro de 2016

Uma semana depois da morte, Plinio Zalewski continua um injustiçado

Neste domingo está se completando uma semana da morte do escritor comunista gaúcho Plínio Zalewski, coordenador de campanha do vice-prefeito de Porto Alegre. Aparentemente, Plínio morreu dentro da sede do diretório municipal do PMDB na capital gaúcha, localizada na Avenida João Pessoa, em frente ao Parque da Redenção. Seu foi encontrado no começo da tarde da última segunda-feira, dentro do banheiro do andar térreo, localizado nos fundos do prédio, junto a um pequeno salão que serve como local de churrascos. Morreu com uma facada que atravessou o pescoço de lado a lado. Logo correu uma versão, dada como pacífica, de que ele se suicidou. O editor de Videversus, jornalista Vitor Vieira, não acredita nesta hipótese. Na manhã deste domingo, recebi a informação de que a perícia do Instituto Geral de Perícias do Estado do Rio Grande do Sul não localizou impressões digitais na faca supostamente usada no "suicídio" de Plinio Zalewski. Era uma faca de churrasco. Como é que alguém enterra uma faca no pescoço, de lado a lado, após várias picadas, e a retira do pescoço, e a faca não contém impressões digitais, nem do morto Plinio Zalewski, nem de ninguém mais? Quer dizer que Plínio teria usado luvas para se suicidar e não deixar suas impressões digitais na faca? Nada se sustenta nessa história de suicídio. A perícia também encontrou o celular de Plinio Zalewski e ele estava sem chip. Mas, todo mundo sabe que Plinio havia ligado para sua mulher Luciane Pujol e avisado que não iria almoçar em casa, que comeria um churrasco na sede do PMDB. Então teria tirado o chip do celular por qual razão? Havia um chip dentro da mochila encontrada com ele. Esse chip era o utilizado normalmente no celular por Plínio? É outro mistério. Desde a morte dele, duas de suas três filhas, as maiores, expressaram seus sentimentos por meio de textos muito bem elaborados, emocionais mas equilibrados, postados nos perfis delas no Facebook. 


Eleonora Marcucci Zalewski, a filha mais velha (acima), de 23 anos, escreveu o que segue: "Esses últimos dias foram de saudade e angústia. Desde muito pequena eu aprendi a conviver com a distância, meus pais se separaram quando eu ainda era pequena, as circunstâncias me ensinaram, de alguma forma, a lidar com a falta. Meu pai e eu podíamos ficar meses sem nos ver, nos acostumamos a não fazer parte da rotina um do outro, mas era confortante saber que sempre estaríamos ali um para o outro. De fato estávamos. Hoje não estamos mais. Desde que soube da sua morte, vejo a imagem dele no espelho toda vez que me olho, tento encontrá-lo nas nossas semelhanças, que tantas vezes me apontaram. Nossas diferenças eram muitas também, principalmente ideológicas, costumávamos discordar em tudo sobre política! Mas mesmo assim eu o admirava. Meu pai, como todos falaram, era um cara inteligente e sofisticado, não na forma estética, bem pelo contrário, ele caía na gargalhada quando eu lhe chamava de cafona! Ele era sofisticado nas palavras, no diálogo, no pensar... Ele tinha um raciocínio perfeito, uma memória brilhante, ele gostava da troca que as relações proporcionavam. 
Confesso que não gostava nenhum pouco de discutir com meu ele, porque o Plínio era cheio de razão, eu preferia falar sobre a vida, ouvir suas histórias, dizer qualquer bobagem... A gente sempre gostou de falar bobagem, ele tinha um senso de humor sarcástico, debochado, próprio dos Zalewski. Meu pai era um cara alegre, de bem com a vida e que nunca perdia a piada. Acho que a única vez que o vi brabo foi na minha adolescência por alguma coisa que eu aprontei, fora isso, nunca ouvi levantar a voz. Além de tudo, era muito parceiro, ele gostava de ouvir meus sonhos, apoiava todas as minhas ideias malucas e nada parecia um problema: 'filha, pra tudo há uma solução, basta ter calma e olhar pra situação". Bom, hoje eu estou preenchida do vazio que ele faz no fundo do meu peito. Eu queria sentir o seu cheiro mais uma vez, ouvir aquela risada debochada, receber um abraço apertado e um beijo na testa. Já sinto saudades de tudo que não conversamos, das viagens que não fizemos, dos olhares que não trocamos, das discussões que não tivemos e de tudo aquilo que não vivemos. Mas como ele mesmo falava: 'eu sou um pouco de ti e tu es um pouco de mim". E isso é para sempre! Obrigada, pai! Te amo incansavelmente, como tu sempre nos amou!"

A segunda filha, Marina Vargas Zalewski, de 12 anos, publicou um emocionado texto muito bem elaborado, como se vê nas imagens abaixo:


A Polícia Civil gaúcha tem sido muito eficiente para esclarecer crimes de todos os tipos que ocorrem no Rio Grande do Sul. Mas tem sempre uma dificuldade histórica muito grande para investigar e desvendar os mistérios de crimes que envolvam o mundo da política, especialmente aqueles que envolvem o PMDB e seus membros. Eleonora e Marina Zalewski não merecem viver o resto de suas vidas sem saber ao certo o motivo da morte do pai que tanto amavam e admiravam. A memória de Plinio Zalewski não merece ser aviltada também com a atribuição de um suicídio que não se sustenta. 

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