quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Uribe se reunirá com Santos após sugerir revisões a acordo com as Farc


Horas após apontar quais revisões do acordo com as Farc deseja depois de o referendo na Colômbia decidir pelo "não" ao pacto de paz, o ex-presidente e hoje senador Álvaro Uribe acertou uma negociação com o atual chefe de Estado e principal articulador do processo, Juan Manuel Santos, nesta quarta-feira. Uribe antecipou na segunda-feira três propostas que ele deseja renegociar com a a organização terrorista e narcotraficante, para enfim dar aval a uma proposta que permita a desmobilização dos bandidos e sua incorporação na política nacional. O anúncio do encontro foi feito pela Presidência. Uribe — principal nome contrário ao acordo fechado em Havana — pedira uma reunião direta com Santos. A derrota do pacto no referendo de domingo forçou Santos a abrir o diálogo com a oposição — personificada principalmente por Uribe, que liderou a campanha contrária ao "sim". Representantes do governo e do partido do ex-mandatário se reuniram pela primeira vez na terça-feira para tentar salvar o acordo. O ex-chefe de Estado, que teve Santos como seu ministro da Defesa por anos, não participou. Santos e Uribe não se conversam em público há anos, quando romperam relações por divergências políticas. A última reunião conhecida entre os dois foi em 10 de janeiro de 2011, em um almoço na propriedade do ex-governante em Rionegro, no Noroeste do país. Uribe chegou a apoiar Santos em seu esforço para chegar à Presidência. Anistia aos guerrilheiros, proteção efetiva para as Farc e alívio judicial para as Forças Armadas foram os três primeiros temas que o ex-presidente colocou sobre a mesa de negociações. Uribe, que vinha criticando a “impunidade” do acordo assinado entre o governo e as Farc na última segunda-feira, surpreendeu ao defender a anistia para os membros da guerrilha que não tenham cometido crimes hediondos. Outra medida proposta por ele no plenário do Senado foi garantir “proteção efetiva” para as Farc e que se consolide “um estatuto de não violência imediata”. 


Representantes do governo e da guerrilha se reuniram ainda nestaa terça-feira na capital cubana, pela primeira vez desde que o acordo de paz foi rejeitado. O chefe da equipe de negociadores do governo, Humberto de la Calle, e o alto comissário de paz, Sergio Jaramillo, se encontraram com a cúpula da organização terrorista e narcotraficante para explorar a possibilidade de fazer modificações no acordo que satisfaçam as exigências da oposição liderada por Uribe. Apesar da incerteza sobre o futuro do tratado, o governo e as Farc decidiram manter o cessar-fogo bilateral.

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