sexta-feira, 25 de novembro de 2016

André Carus não resiste a uma operação policial de busca na sua casa e é demitido do departamento do lixo de Porto Alegre





O diretor-geral do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) da prefeitura de Porto Alegre, André Carús (PMDB), foi demitido do cargo na manhã desta sexta-feira. O modo como foi executada a operação foi através de uma carta assinada por ele, pedindo demissão. Mas, isso não passa de mascaramento da realidade, depois que ficou insustentável a sua situação ao ficar conhecido que, nesta quinta-feira André Carús teve sua casa invadida por operação policial com autorização judicial, para busca e apreensão de documentos, equipamentos e valores. Na carta pública divulgada nesta sexta-feira – e endereçada ao prefeito José Fortunati – Carús afirmou que a decisão é a "mais sensata para o momento". Diz ainda que a "moralidade" e a "seriedade" sempre orientaram as suas atitudes "como cidadão ou gestor público". Na véspera, André Carús ainda se fez de indignado, fazendo a seguinte postagem na sua página no Facebook: "Aos meus amigos, à minha família e eleitores, Faço aqui um desabafo, no meu perfil pessoal, fruto da indignação que estou frente ao assédio moral e violento praticado pela arbitrariedade de um procedimento investigatório aberto pelo Ministério Público Estadual hoje, acerca de irregularidades que o rigor e competência do controle interno de nossa gestão no DMLU diagnosticou, puniu e preveniu o erário e recursos públicos envolvidos. A execração pública a que fui submetido, sendo tratado como alguém que negligenciou este tema, quando na verdade o enfrentei de frente, sempre atendendo ao interesse público com respeito ao cidadão, foi exorbitante. A criminalização da política e da gestão pública, provoca o assassinato de reputações e desconsidera posturas éticas, idôneas e que, de fato, praticam o combate a corrupção e trabalham com seriedade. Tenho plena convicção e consciência tranquila dos meus atos como Diretor-Geral do DMLU sobre os temas abordados pela investida do MP e demais ações da nossa gestão. Não deixaremos que nenhum argumento, documento ou prova passe em branco, a transparência é nosso principal escudo contra a insensibilidade de quem inaugura um princípio de culpabilidade sobre as funções relevantes da vida pública. Saibam, meus amigos, familiares e eleitores que seguirei de cabeça erguida exercendo minhas funções no DMLU até o final do ano e preparando meu futuro mandato na Câmara de Vereadores. O tempo e a justiça haverão de consertar e reparar os danos emocionais e morais que sofri no dia de hoje. Todos vocês sabem as razões da minha indignação: o vigarista, ladrão ou cara de pau age naturalmente como se passasse impune por mais uma situação como essa. Os homens de bem, ilibados, de caráter e honestos são violentados na sua alma e no seu coração. Seguimos...Abraços a todos(as)". Sua mulher, Ema Basso Carús (ela foi CC no gabinete da deputada estadual Maria Helena Sartori, mulher do governador José Ivo Sartori) também fez postagem na mesma página com manifestação igualmente indignada. A atitude de ambos não se sustenta. André Carús faz esforço para dizer que a investigação das fraudes cometidas pela empresa que ele contratou para a coleta do lixo domiciliar de Porto Alegre, a Belém Ambiental, foi detectada por iniciativa de sua administração, e que tudo não teria passado de uma "irregularidade comum", que poderia ser corrigida com a aplicação de uma multinha. Nada disso. O que a Belém Ambiental cometeu foi um crime muito grave que não poderia, jamais, ser elidido pela aplicação de uma multa. Diante da constatação da ocorrência do crime, era inevitável a providência de rompimento do contrato. E não tinha maneira possível de o diretor geral do DMLU evitar a denúncia formal do crime à Polícia Civil e ao Ministério Público. A não comunicação da ocorrência do crime implica no cometimento de outro crime de parte do administrador público. Eventual ressarcimento da perda monetária do tesouro municipal não tem o poder de apagar o cometimento do crime. André Carús é formado em Direito, mas deve ter faltado muita aula básica durante o seu curso. Além disso, seus problemas não se resumem agora à apuração de fraudes durante sua gestão no DMLU, período durante o qual a autarquia completou mais de 1.200 dias sem licitações, somente com contratos emergenciais. André Carús, que fez uma campanha eleitoral muito "vistosa", teve parecer negativo às suas contas eleitorais. O processo, de nº 0000201-91.2016.6.21.0113, da 113ª Zona Eleitoral de Porto Alegre, poderá promover o impedimento de sua diplomação como vereador eleito da capital gaúcha no dia 19 de dezembro. 

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