terça-feira, 29 de novembro de 2016

Avião Avro caiu e matou o time da Chapecoense porque tinha pouco combustível e foi obrigado a voar em círculo

Combustível insuficiente e a necessidade de aguardar no ar muito próximo à rota de um avião que desistiu de ir para o Caribe e precisou fazer um pouso de emergência no aeroporto de Medellín. Essa combinação de fatores é apontada pelo ex-comandante Carlos Camacho, especialista em desastres aéreos, como causa do acidente que matou 71 pessoas – da comitiva da Chapecoense, jornalistas e tripulação – na madrugada desta terça-feira, na Colômbia. Imagens do radar mostram o momento exato em que o avião da empresa Viva Colômbia, que voava de Bogotá, na Colômbia, para San Andres, no Caribe, se prepara para virar à esquerda e seguir rumo a um pouso forçado no Aeroporto Internacional José Maria Córdova, para onde se dirigia o avião da Chapecoense. No mesmo instante, o avião com a equipe catarinense desviava da rota original e iniciava uma descida em órbita, possivelmente para aguardar o avião da Viva Colômbia concluir o pouso, antes de também seguir para o aeroporto, afirma Camacho. Segundo o histórico registrado pelo site Flight Radar, a aeronave HK 5051, um Airbus A320-214 da empresa Viva Colômbia, decolou às 23h27min (horário de Brasília) em direção à ilha caribenha de San Andres. O vôo transcorria com normalidade quando às 00:11, dois minutos após cruzar a fronteira da Colômbia com o Panamá, o piloto faz uma manobra à direita e retorna a aeronave em direção a Colômbia, rumo ao aeroporto da região metropolitana de Medellín. À 0h45min, a aeronave da Viva Colombia se aproxima do aeroporto para fazer uma curva à esquerda e seguir para o pouso. Neste exato momento, o avião trafegava a 3.559 metros de altitude e 474 Km/h. É nessa hora que o avião da Chapecoense, que vinha reduzindo a altitude em preparação para o pouso, interrompe a trajetória normal e faz uma leve curva à esquerda, seguida de outra mais fechada à esquerda, num movimento em órbita para diminuir altitude. Quando o avião da Viva Colômbia conclui o procedimento de pouso, à 0h52min, a aeronave que trazia o time catarinense concluía a segunda volta no ar e se preparava para seguir rumo ao aeroporto. Três minutos mais tarde, o sinal do avião da Chapecoense deixou de ser avistado. Para Camacho, os dados do radar coincidem com o momento em que a aeronave colombiana havia declarado emergência à torre de controle do aeroporto de Medellín. Os horários exatos ainda não foram divulgados, mas segundo a imprensa colombiana, em instantes muito próximos o comandante do avião que levava o time da Chapecoense também havia solicitado prioridade no pouso por "problemas elétricos". Camacho afirma com "90% de probabilidade" que o acidente foi provocado por erro de cálculo do piloto, já que a aeronave não tinha autonomia de vôo para percorrer, sem parar para abastecer, os cerca de 2.984 quilômetros de distância entre os aeroportos de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, de onde partiu o avião da Chapecoense, e o aeroporto de Medellín, onde faria a aterrissagem em cerca de seis minutos, caso a rota não precisasse ser alterada devido à emergência do Airbus da Viva Colômbia. Segundo o site da fabricante da aeronave Avro RJ 85, que levava a equipe catarinense, a autonomia de vôo com o máximo de combustível é de até 2.965 quilômetros. 

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente trabalho, Vitor.

A mídia comum fala "o avião da Chapecoense", confundindo o público, intencionalmente.

Seu trabalho esclarece os vários fatores que que se somaram para produzir a tragédia anunciada. Não foi uma fatalidade, como quer a mídia quer nos induzir a pensar.

No Brasil, as pessoas são induzidas à infantilidade intelectual pela mídia. Quem quer ser tratado com respeito e estímulo à inteligência, deve procurar o Vitor Vieira, Alex Pereira e o pessoal da Rádio Vox.

Peça ao Alex para publicar a entrevista nos arquivos.

Muito grato pelo seu trabalho.

Abraços de seus leitores e ouvintes.