sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Governo dos Estados Unidos diz que empreiteira propineira Odebrecht corrompeu ministros petistas com 50 milhões de reais


Documentos do Departamento de Justiça dos Estados Unidos indicam o repasse de 50 milhões de reais da empreiteira propineira Odebrecht, por meio do setor de propina da empresa, para a campanha presidencial de Dilma Rousseff, em 2010. O pagamento teria sido feito em troca de um benefício à Braskem, braço petroquímico do grupo em sociedade com a Petrobras. Os americanos descrevem uma ação da Odebrecht e da Braskem com autoridades do governo, de 2006 a 2009, para garantir um benefício tributário à petroquímica. Para que as negociações avançassem, as empresas receberam um pedido de um ministro de Lula, poderoso chefão da organização criminosa petista. A solicitação foi feita por Guido Mantega, então titular da Fazenda. O departamento americano não menciona os nomes das autoridades e executivos envolvidos nas tratativas, mas descreve o acerto da propina com o primeiro escalão. Primeiro foi feito um apelo a uma autoridade brasileira do governo Lula, identificada como o ex-ministro Antonio Palocci. Mesmo depois de deixar o governo, ele atuava como consultor da Braskem, segundo os investigadores. O apelo, conforme os relatórios americanos, era para que Lula pedisse que tratasse do assunto. Após uma série de reuniões da Odebrecht com Mantega, o ministro pediu contribuições para a campanha de Dilma e escreveu “50 milhões reais” em um pedaço de papel. De acordo com os documentos, em 2009, o governo chegou a uma solução, lançando um programa de créditos tributários do qual a Braskem se beneficiou. A Polícia Federal já tinha apontado, na 35ª fase da Lava Jato, mensagens e e-mails de executivos sobre a atuação de Palocci. Segundo a Polícia Federal, Marcelo Odebrecht conseguiu benefícios fiscais para a Braskem por meio de Palocci e Mantega. Em uma planilha de repasses ilícitos, foi encontrada a citação de 50 milhões de reais para “Pós Itália”, que os investigadores brasileiros relacionam a Mantega. Depois da obtenção da medida que beneficiou a Braskem, o departamento da propina foi usado para fazer o pagamento. Os americanos identificaram um pagamento de 14 milhões de reais a Palocci, pelos “esforços envolvidos”. Segundo o órgão, “apesar de o pagamento ter sido solicitado como uma contribuição de campanha, o executivo da Braskem sabia que o dinheiro não seria usado durante a campanha eleitoral”. “No lugar disso, o executivo entendeu que eles iriam distribuir o dinheiro, depois da próxima eleição, para benefício pessoal de vários políticos".

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