quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

A estatal gaúcha CEEE está na mira dos chineses


Na segunda-feira (23) foi concluída a aquisição do controle da empresa paulista CPFL Energia, dona da RGE e da AES Sul no Rio Grande do Sul. A nova controladora, com 54,64% de participação, é a estatal chinesa State Grid, a maior empresa do setor elétrico e a segunda que mais fatura no mundo — US$ 320 bilhões, só atrás do Walmart. A fatia adquirida pertencia à empreiteira propineira Camargo Corrêa e aos fundos de pensão Previ, Fundação Cesp, Sabesprev, Sistel e Petros. Com a compra, dois terços da distribuição de energia do Estado do Rio Grande do Sul passam ao controle chinês. E, conforme o presidente da CPFL, André Dorf, essa participação pode até aumentar. Os chineses têm grande interesse no setor energético no Rio Grande do Sul. Mas, chinês age de maneira enviezada. O que desperta mesmo o interesse deles é potencial do carvão do Rio Grande do Sul. Somente a estatal CRM tem concessões de lavras capazes de garantir o suprimento do Estado pelo menos por 250 anos. As reservas estimadas de carvão no Rio Grande do Sul seriam suficientes para garantir energia em larga escala por um milênio no mínimo. E o objetivo dos chineses é extrair gás do carvão e enviá-lo liquefeito para a China. Lá, reconvertido, ele geraria energia elétrica. Nas próximas semanas será realizada uma oferta pública para venda de ações fora do controle dos ex-proprietários de RGE e AES Sul, em posse de acionistas minoritários. Agora será feita a oferta de compra a eles, pelos mesmos valores pagos aos controladores majoritários, conforme determinada a Lei das Sociedades Anônimas. A State Grid é a segunda maior empresa do mundo em faturamento, atrás do Walmart, e a maior companhia de energia elétrica do planeta. Tem 1,7 milhão de funcionários no mundo. Além de China e Brasil, há negócios em Portugal, Austrália, Itália e Filipinas. No setor elétrico, os chineses estão muito à frente, utilizando muita tecnologia de gestão na operação. A State Grid é 100% estatal e também atua com geração renovável e transmissão de energia. A State Grid tem unidade no Rio de Janeiro que trata somente de transmissão. Transmissão não faz parte do plano estratégico da CPFL. A State Grid do Rio de Janeiro e a CPFL têm acionistas diferentes. Caso o governo do Rio Grande do Sul decida privatizar a CEEE, os chineses têm interesse, por intermédio da CPFL. A CPFL tem forte atuação no mercado livre de contratação de energia, por meio da CPFL Brasil. Atua junto a clientes industriais e comerciais que desejam migrar e comprar energia no mercado livre. De 2015 para 2016, essa área cresceu 40%. O segmento depende das tarifas e das regiões. A principal vantagem para o consumidor é a previsibilidade. Ele tem a chance de travar o preço por três, quatro, cinco anos, e não fica sujeito a variações do mercado regulado. O cliente industrial quer previsibilidade e ter o custo na mão.

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