quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Ex-ministra Eliana Calmon defende a indicação de Ives Gandra Filho para o Supremo



A ex-corregedora nacional de Justiça, ex-ministra Eliana Calmon, diz que é “uma maldade” o que estão fazendo com o ministro Ives Gandra Filho, presidente do Tribunal Superior do Trabalho, um dos nomes cotados para a vaga do ministro Teori Zavascki no Supremo Tribunal Federal. “Ele é religioso, celibatário, acredita em Deus, mas isso não tem nada a ver com a profissão”, diz a ministra aposentada do Superior Tribunal de Justiça. Eliana Calmon e Ives Gandra Filho atuaram juntos no Conselho Nacional de Justiça na gestão do presidente Cezar Peluso (2009-2011). Gandra Filho foi o único conselheiro que não assinou uma moção contra a então corregedora, manifestação proposta ao colegiado por Peluso. Então isolada no CNJ, a ministra resistiu a várias tentativas de esvaziamento dos poderes da corregedoria, por ter divulgado à sociedade irregularidades praticadas por membros do Poder Judiciário. Peluso era juiz de carreira e um corporativista. Nas votações do Conselho, Gandra Filho sempre acompanhou a corregedora nas questões essenciais, diz Eliana. Diz a ministra: "Quando cheguei no Conselho, já o encontrei lá. Ele dava o segundo voto, logo depois do meu como corregedora. Ele me deu o maior apoio. Sempre votou comigo nas coisas mais essenciais. Ele me indicou um juiz do trabalho para a corregedoria. O juiz não era amigo dele, havia sido examinado por ele. Agora, esse juiz está chefiando a equipe que faz a revisão da Consolidação das Leis do Trabalho. Quando Peluso pediu uma moção de repúdio contra mim, o ministro Ives Gandra Filho foi o único a não acompanhar. Eu me indispus com a Justiça do Trabalho em razão do aumento do número das Varas. Sempre bati muito contra isso. O ministro também era contra. E a prova de que ele estava certo é que hoje não há dinheiro para pagar as contas. A Anamatra (Associação Nacional dos Juízes do Trabalho) não gosta dele porque ele não é sindicalista. É a favor da revisão de toda essa estrutura getulista da Justiça do Trabalho. Ele não é corporativista, não é amigo de ninguém. É institucional". Eliana Calmon elogia a compenetração do ministro: "Ele é uma pessoa muito educada. É religioso, celibatário, acredita em Deus, mas isso não tem nada a ver com a profissão. Ele não é de fazer catequese. Ele é franciscano. Não tem carro. Certa vez, fomos convidados para um jantar e ele me pediu uma carona. Ele mora numa quitinete, em Brasília. Sou mulher, muito contestada. Nunca tivemos qualquer desentendimento. Nunca houve qualquer resquício, qualquer dificuldade. Acho uma maldade o que estão fazendo com ele".

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