quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Polícia Federal investiga e-mails da vice-presidente de Fundos da Caixa Econômica Federal


A Operação Cui Bono? (A quem interessa?), que investiga fraudes na liberação de créditos da Caixa Econômica Federal para grandes empresas entre 2011 e 2013, rastreia e-mails da vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias do banco, Deusdina dos Reis Pereira, a Dina. A Polícia Federal não atribui atos ilícitos ou põe Dina sob suspeita, mas ela foi citada em conversas recuperadas pelos investigadores. A executiva substituiu no cargo Fabio Cleto - que virou delator. A Cui Bono? foi deflagrada na sexta-feira passada, dia 13. A Justiça Federal acolheu pedido da Procuradoria da República e da Polícia Federal e autorizou análise de correspondências de Deusdina. Os investigadores pediram para entrar na vice-presidência de Tecnologia da Informação da Caixa Econômica Federal pois haveria "mensagens importantes nas contas de correspondências eletrônicas institucionais utilizadas" pela executiva. O principal alvo da Cui Bono? é Geddel Vieira Lima, nomeado vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal durante o Governo Dilma Rousseff. Além de Geddel, fariam parte do esquema o lobista Lucio Funaro, o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e Fábio Cleto, ex-vice presidente de Governo e Loterias do banco. Uma das conversas capturadas entre Funaro e Cleto, segundo relatório da Polícia Federal na Cui Bono?, é de 9 de maio de 2015. O lobista pede para Cleto "entrar em contato com 'Rafael' para agilizar os papeis da BR Vias". "Dina tá com ele agora", diz Cleto. No relatório a Polícia Federal afirma. "A pessoa mencionada como 'Dina', trata-se, ao que parece, de Deusdina dos Reis Pereira, subordinada a Fabio Cleto, já que àquela época ocupava a Diretoria Executiva de Fundos de Governo. Atualmente, ocupa o cargo que outrora pertencia a Fabio Cleto, vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias (VIFUG)". Segundo o site da Caixa Econômica Federal, Deusdina é graduada em Administração de Empresas e exerceu o cargo de vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias, interinamente, no período de 10 de dezembro de 2015 até 12 de dezembro de 2016. Hoje é titular do cargo. Em outra mensagem capturada, de 24 de maio de 2012, Funaro "reitera o questionamento sobre a situação de débitos da Seara e recebe a resposta negativa de Cleto". Às 12h18, o lobista questiona o então vice da Caixa Econômica Federal. "Oi bom dia descobriu p mim qto a seara deve aí". Cleto devolve minutos depois. "Não. A Dina é quem consegue acessar o sistema de pessoa jurídica do Banco com uma senha da época que ela trabalhava lá. E ela está vindo para Salvador. Só vou conseguir isso segunda cedo". Geddel teve dois imóveis vasculhados pela Polícia Federal na Cui Bono?, desdobramento da Operação Catilinárias, deflagrada em dezembro de 2015 - na Catilinárias, a Polícia Federal localizou um celular na casa de Eduardo Cunha. Mensagens recuperadas do celular deram vida à Cui Bono?. O peemedebista foi ministro da Secretaria de Governo de Michel Temer. Aliado muito próximo do presidente, Geddel caiu da cadeira da Secretaria de Governo em 25 de novembro, em meio ao escândalo protagonizado pelo ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, que o acusou de pressioná-lo para que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) autorizasse a construção de um residencial de alto padrão em uma área nobre tombada em Salvador. Geddel tem uma unidade no empreendimento. Quando Cui Bono? saiu às ruas, na sexta-feira, 13, a Caixa Econômica Federal informou: "No que diz respeito à Caixa esclarecemos que o banco está em contato permanente com as autoridades, prestando irrestrita colaboração com as investigações, procedimento que continuará sendo adotado pela Caixa". (AE)

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