quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Polícia apreende material usado em esquema de pirâmide em Porto Alegre

A polícia apreendeu nesta terça-feira (14) em duas casas, em Porto Alegre, material suspeito de ligação com um esquema conhecido por "pirâmide financeira". Foram encontrados centenas de aparelhos que eram usados no esquema, contratos e computadores. O material estava na sede da empresa TagPoint e na casa de um suspeito. Conforme a polícia, o esquema recrutou 12 mil pessoas que esperavam enriquecer em pouco tempo. Os participantes compravam aparelhos chamados de beacons, e depois deveriam oferecer os dispositivos para lojas e restaurantes. O equipamento enviava mensagens com informações sobre o estabelecimento ou ofertas do dia para os clientes que tivessem o aplicativo da TagPoint no celular. Mas o aparelho, segundo as pessoas lesadas, nunca funcionou direito.


Conforme a polícia, houve casos de pessoas investindo até R$ 18 mil para a compra do dispositivo. A promessa era de ganhos diários e, ao final do negócio, havia a possibilidade de bons lucros. Mas, segundo a polícia, a maioria das vítimas não conseguiu resgatar o que investiu. O esquema também acabou prejudicando amigos e parentes dos participantes. É que além do investimento inicial, a empresa remunerava cada novo investidor que a pessoa colocasse no negócio. O grupo também passou a operar com a venda de pacotes de viagem. A delegada Luciana Caon, responsável pelo caso, explica que a suspeita é de estelionato e crime contra a economia popular. "Há indícios de pirâmide financeira porque além do comércio desse dispositivo de informática, havia uma espécie de contrato com venda casada, que seria vender esse produto e cooptar novos investidores para o negócio". Carlos Fraga conta que passou a frequentar os encontros após ficar desempregado. "Queria dar uma vida boa para minha família. Eu vi pessoas que estavam dando certo. Era tudo fachada. Ninguém estava dando certo", diz. Ele diz ter desembolsado mais de R$ 2,8 mil. "Não tinha esse dinheiro, esse dinheiro foi retirado pelo meu avô", lamenta. Já uma mulher, que preferiu não se identificar, investiu R$ 6 mil no negócio: "Peguei o dinheiro da minha rescisão e investi todo nele. E isso que dói mais. A gente tinha expectativa de fazer reforma em casa, pagar nossas dívidas que estão em alta. Isso é uma coisa que me deixou muito abalada". Agora, a dívida dela passa de R$ 2 mil: "Meu marido também tem dívidas. Eu acreditava que era uma empresa séria e de credibilidade". O dono da TagPoint, Vitor Loreto, disse que só importou o aparelho da China. "Se tem alguma acusação, que seja procurada até as últimas consequências porque pirâmide financeira é um crime no nosso Pais, e deve ser punido exemplarmente". Ele explicou que quem ficou encarregado da venda dos dispositivos foi Maikon Santos, proprietário da empresa Revolution. Por telefone, ele negou que houvesse "promessa de ganho fácil". "Mostramos um plano de compensação que a empresa tem. Se você alcança a meta, você ganha", observou o homem. (G1)

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