quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Trump libera Estados Unidos da exigência de dois Estados em Israel


O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, abandonou nesta quarta-feira o compromisso dos Estados Unidos com uma solução de dois Estados para resolver o conflito no Oriente Médio entre israelenses e árabes. Na coletiva de imprensa conjunta na Casa Branca com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, Trump disse que seu governo poderá aceitar a criação de dois Estados, mas também a de um único, se as duas partes estiverem de acordo. Em um afastamento da posição americana sobre o tema desde o governo de Bill Clinton, na década de 90, Donald Trump reiterou que “poderia viver com qualquer uma das soluções”. “Por muito tempo, pensei que a solução de dois Estados era a mais fácil. Mas, honestamente, se Israel e os palestinos estão felizes, eu estou feliz com o que eles preferirem”, declarou o presidente republicano. Em mensagem direta a seu interlocutor, Donald Trump afirmou que gostaria que Israel contivesse o avanço dos assentamentos em territórios palestinos. O presidente americano afirmou que “os israelenses vão ter que mostrar que realmente querem um acordo de paz”, mas destacou também que “os palestinos têm que se despir um pouco do ódio que ensinam desde a tenra idade. Eles ensinam muito ódio. É algo que eu tenho visto”. Trump também criticou a Organização das Nações Unidas (ONU) por considerar que tratou de “forma muito, muito injusta” quando o Conselho de Segurança aprovou no fim de dezembro uma resolução que condenou os assentamentos israelenses. O presidente republicano revelou que continua mantendo a possibilidade de transferir a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém. A idéia é fortemente criticada pelos árabes que vivem na Cisjordânia. Na noite de terça-feira, dia 14, uma fonte do alto escalão do governo americano afirmou que Washington não iria mais insistir na solução de dois Estados. “Isso é algo que eles deverão resolver. Nós não vamos ditar quais serão os termos da paz”, disse a fonte. A explosiva declaração significou um giro na política externa americana e provocou uma onda de reações em todo o mundo. O secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, disse categoricamente que “se deve fazer todo o possível para preservar” a possibilidade de uma saída de dois Estados. Instantes mais tarde, a França – membro permanente do Conselho de Segurança da ONU – disse, por intermédio de seu embaixador François Delattre, que o compromisso de seu país com a solução de dois Estados “é mais forte do que nunca”. Em Ramallah, nos Territórios Palestinos, Hanan Ashraui, um dirigente da comunista Organização para a Libertação da Palestina (OLP), comentou que a nova posição americana “carece de sentido”. Washington “está tentando satisfazer a coalizão extremista de Netanyahu”, afirmou. Outro alto funcionário palestino, Saeb Erekat, denunciou que a declaração se propõe a “eliminar o Estado da Palestina”, antecipando que um eventual Estado único não será necessariamente um Estado judaico. A única alternativa a uma solução de dois Estados, disse Erekat, é “um simples Estado democrático que garanta os direitos de todos: judeus, muçulmanos e cristãos”. Já a ala mais extrema do governo israelense comemorou. “Uma nova era. Novas ideias (…) Grande dia para os israelenses e os árabes razoáveis. Felicitações”, tuitou o líder do partido nacionalista e religioso Lar Judaico, Naftali Bennet.

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