sexta-feira, 14 de abril de 2017

Delator da Odebrecht detalha "valor do passe" de Rodrigo Maia, o "Botafogo"



Em depoimento, o ex-executivo da Odebrecht, Luiz Eduardo da Rocha Soares, detalhou que, em 2014, o pagamento ilícito feito ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), era indicado como o "valor de passe" de "volante" do "Fluminense" em planilha da empresa. Segundo duas planilhas apresentadas pelo delator, que constam em pedido de abertura de inquérito encaminhado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal, as analogias futebolísticas eram padronizadas: a posição "volante" identificava o cargo de deputado federal, e o clube, "Fluminense", o Democratas, partido de Maia. Já o "valor do passe", especificado apenas como "cem", é o dinheiro que a empresa repassou ao parlamentar para a campanha, segundo o executivo. Rodrigo Maia já havia sido associado a outro time de futebol carioca, o "Botafogo". No depoimento de Soares e também dos delatores Benedicto Jr, João Borba Filho, Cláudio Melo Filho, Carlos José Fadigas de Souza Filho, os executivos afirmam que o pai do presidente da Câmara, o ex-prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia (DEM-RJ), atendia por "Inca" e "Déspota". Eles detalharam pagamentos ao deputado federal e seu pai em 2008, 2010, 2013 e 2014. Em 2008, segundo Benedicto Jr., o BJ, Rodrigo Maia solicitou e recebeu R$ 350 mil como ajuda para campanha eleitoral em 2008. Porém, naquele ano, nem o parlamentar nem Cesar Maia foram candidatos a cargos eletivos. Já em 2010, os delatores apresentaram, segundo o procurador, evidências do pagamento de R$ 400 mil para a campanha de Cesar Maia ao Senado Federal, entre o dia 12 de agosto e 30 de setembro. Cláudio Melo Filho, por sua vez, relatou o pagamento de R$ 100 mil a Rodrigo Maia em 2013. Segundo o pedido de Janot, Rodrigo Maia "em sua atuação parlamentar, apresentou contrapartida aos pagamentos ilícitos feitos pela Odebrecht". Ele afirma pagamentos feitos aos políticos "tinham sim o caráter de propina" e não eram "mera contribuição irregular de campanha". Como o ministro Edson Fachin aceitou o pedido de abertura de inquérito da Procuradoria-Geral da República, o presidente da Câmara e seu pai serão investigados por corrupção ativa, passiva, e lavagem de dinheiro.

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