terça-feira, 18 de abril de 2017

Odebrecht pagou propina para Eunício, Maia, Jucá e Vieira Lima por MP, diz delator

Carlos Fadiga, ex-executivo da Odebrecht, afirmou no depoimento de delação premiada que a construtora pagou propina, em troca da aprovação de uma medida provisória, para os senadores Romero Jucá (PMDB-RR), Eunício Oliveira (PMDB-CE), e para os deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA). A MP referida é de 2013 e tratou de incentivos tributários a produtores de etanol e à indústria química. "E aí agora, portanto, com a medida provisória dentro do Congresso Nacional para ser aprovada, depois da edição dela, houve uma mobilização pela aprovação dessa medida provisória. Ela atendia ao interesse de mais de uma empresa do grupo, motivo pelo qual o Marcelo Odebrecht, o Cláudio Melo se envolveram, além de vários outros executivos que se envolveram de formas diferentes", afirmou Fadigas. Ele disse que, após a aprovação do texto, foi procurado pelo colega Cláudio Melo para tratar sobre o pagamento aos políticos que, após contato da empresa, atuaram em favor da MP. "Na sequência disso, o Cláudio procurou a mim e ao Marcelo e relatou necessidade de liberação de recurso de R$ 6 milhões para parlamentares que tinham atuado na aprovação dessa medida provisória", completou o delator. Ele disse que não se lembra de todos os políticos que receberam os valores. Aos investigadores, citou que tinha certeza dos nomes de Jucá, Maia, Eunício e Vieira Lima. Fadigas afirmou ainda que sabia apenas do valor recebido por Maia. Segundo ele, foi de R$ 100 mil. Um dos donos da Odebrecht e também delator da Lava Jato, Emílio Odebrecht contou ao Ministério Público que pediu ajuda ao ex-presidente Lula para conseguir a aprovação de medidas provisórias relacionadas ao Refis da Crise – programa de recuperação fiscal que consiste no parcelamento de débitos de empresas. Segundo Emílio, foi seu filho Marcelo que pediu que ele falasse com Lula, porque o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega estaria "dificultando". "Eu fui ao Lula e incluí este item na minha agenda, pedindo a ele que procurasse verificar por que o Guido tava botando dificuldades pra resolver o assunto", disse na delação. "Presidente, por favor verifique o que que é preciso ser dado de força para que o Guido possa deslanchar e resolver esse assunto. Essa foi a essência do pedido", completou. Sem especificar uma data, o empresário afirmou que o pedido foi feito "em 2009, 2010", e que as MPs eram importantes "pras finanças da Braskem" e para outros setores da economia. "Ele ouviu e disse: 'vou falar com o Guido pra verificar e qualquer coisa eu lhe falo'", disse Emílio sobre a resposta de Lula. Depois, Emílio disse que teve a informação, parte de Marcelo, "de que o Guido deu sequência" (no trâmite das MPs). Mantega está na lista do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, que autorizou a investigação de 8 ministros, 3 governadores, 24 senadores e 39 deputados. 

Nenhum comentário: