sexta-feira, 14 de abril de 2017

Sinhozinho baiano propineiro Marcelo Odebrecht afirma que Temer deixou jantar na hora do acerto de R$ 10 milhões


Em sua delação premiada, o sinhozinho baiano propineiro Marcelo Odebrecht afirmou que o presidente Michel Temer se levantou da mesa de um jantar em 2014 no momento em que se falou de uma doação de R$ 10 milhões para campanhas do PMDB daquele ano. À época, Temer era candidato a vice-presidente, na chapa de Dilma Rousseff. O encontro aconteceu no Palácio do Jaburu e foi um "shake hands" (aperto de mãos), segundo palavras do herdeiro da empresa, em referência ao fato de ser apenas um momento protocolar para firmar algo que estava acertado previamente. "E aí, entre o cafezinho e a sobremesa, Temer sai, se levanta da mesa, e estava eu, Temer, Claudio Melo Filho (vice-presidente de Relações Institucionais da empreiteira] e Eliseu Padilha. E aí, a gente decide que estão acertados os R$ 10 milhões, e que R$ 6 milhões eram para o Paulo Skaf (candidato a governador de São Paulo]", disse o ex-presidente do grupo baiano ao Ministério Público. Marcelo Odebrecht deixa claro, porém, que mesmo ausente da mesa no momento em que os valores foram tratados, o presidente sabia o tema e da negociação e a quantia do apoio. "Temer não falaria de dinheiro nem comigo, nem com a esposa. (...) Temer nunca mencionou para mim os R$ 10 milhões, obviamente ele sabia do jantar e tudo mais", afirmou o delator. Os depoimentos dos 77 delatores da empresa se tornaram públicos na quarta-feira (12), quase três meses depois de o Supremo Tribunal Federal homologar o acordo. Segundo a versão de Marcelo, foi Eliseu Padilha, hoje ministro da Casa Civil, o primeiro a pedir ajuda financeira a Melo Filho e especificar os R$ 10 milhões. Desse montante, R$ 6 milhões foram repassados para a campanha de Skaf, o que havia sido combinado de antemão. 


De acordo com o depoimento de Marcelo, era ele quem tinha relação direta com Skaf e foi acionado para ajudar na campanha ao governo de São Paulo. O empreiteiro afirmou, porém, que o valor pedido, de R$ 6 milhões, era muito alto em comparação com as doações para outros candidatos. Por esse motivo, sugeriu que a quantia fosse repassada pelo grupo de Temer. O herdeiro do grupo baiano contou que chegou a receber uma ligação do presidente, intermediada por Skaf. "Ele (Temer) disse assim: 'Marcelo, você sabe, nosso amigo aqui (Paulo Skaf), apóia ele". Eu desliguei". O empresário não detalha como os R$ 10 milhões foram usados, mas diz que parte da fatia de Skaf foi usada para pagar o marqueteiro Duda Mendonça, que trabalhou na campanha. O acerto demorou certo tempo para acontecer, chegou a virar um imbróglio, segundo a versão de Marcelo. Ele contou que o publicitário teve de recorrer a várias pessoas do grupo para poder receber. 

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