sábado, 27 de maio de 2017

Ex-secretário de Saúde preso quer trabalhar em hospitais públicos


Preso sob acusação de desviar cerca de R$ 300 milhões da saúde pública do Rio de Janeiro, o ex-secretário Sérgio Côrtes pediu à Justiça Federal autorização para trabalhar em hospitais públicos enquanto cumpre prisão preventiva. O pedido feito pela defesa foi protocolado na quinta-feira (25) e será analisado pelo juiz Marcelo Bretas, responsável pela Operação Lava Jato no Rio. Os advogados de Côrtes afirmam que o ex-secretário já presta atendimento de maneira informal no Complexo Penitenciário de Gericinó (RJ), onde está preso. Ele formou-se médico em 1988 e é especialista em ortopedia e traumatologia. "Nesse contexto, vê-se que se trata de médico de altíssima qualificação preso preventivamente, onerando ainda mais os cofres públicos –afinal, cada preso, seja provisório, seja definitivo, representa custo ao Estado – quando poderia atender gratuitamente a população que hoje enfrenta além de outros problemas, a falta de médicos nos hospitais públicos do Estado", diz a petição do ex-secretário. Uma das opções oferecidas pela defesa é que o ex-secretário trabalhe na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do próprio complexo penitenciário. Outra alternativa proposta é que Côrtes atue junto ao Corpo de Bombeiros, já que ele também é primeiro-tenente médico. "Esta última hipótese pode significar menor ônus ao Estado e mais garantia de efetivo cumprimento e controle, tendo em vista que o requerente Côrtes estará sempre sob o acompanhamento de agentes públicos militares", diz a petição. O ex-secretário foi preso mês passado acusado de fraudes em licitações na compra de equipamentos médicos-hospitalares por meio de pregões internacionais. O material importado tinha um sobrepreço de cerca de 40%, valor do imposto embutido na aquisição, mas do qual a Secretaria de Saúde era isenta. De acordo com a investigação, 5% desse valor era repassado para o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB). O percentual restante era dividido entre o ex-secretário, auxiliares e empresários envolvidos no esquema. Côrtes é autor do e-mail em que afirma a um de seus comparsas, de acordo com o Ministério Público Federal, que "nossas putarias têm que continuar". 

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