sábado, 27 de maio de 2017

Iraque prepara nova ofensiva para expulsar o Estado Islâmico de Mossul



As Forças Armadas Iraquianas iniciam neste sábado (27) aquele que pode ser o ataque final para a completa retomada de Mossul dos terroristas do Estado Islâmico. Desde o início de maio as tropas iraquianas estão encurralando os extremistas nas partes antigas de Mossul, área mais densamente povoada da cidade e onde os combates devem ser mais duros. Com ruas estreitas e elevação, os soldados não poderão contar com blindados e tanques. A estratégia do Exército é reduzir o número de combatentes ao menor possível para evitar ainda mais baixas em suas fileiras. A data do reinício dos ataques coincide com o começo do Ramadã, o mês sagrado para os muçulmanos. Neste momento, os militantes do Estado Islâmico estão concentrados em uma área de pouco mais de 10 km², mas ainda repleta de civis. Ao longo dos últimos dias, aviões americanos e iraquianos despejaram milhares de folhetos sobre a cidade pedindo que a população abandone suas casas e siga para os campos de refugiados por causa da batalha iminente. Moradores que conseguem escapar das áreas conflagradas, porém, afirmam serem impedidos pelo Estado Islâmico de deixar suas casas. "A situação está muito complicada para nós", diz Ibhahim Mahmood, um padeiro que conseguiu escapar com a mulher, três filhos e seus pais idosos do bairro de 17 Tamous, um dos maiores da cidade, na segunda (22). "Se tentamos fugir, os franco-atiradores do Estado Islâmico nos matam; se ficamos, os ataques aéreos nos matam", diz ele poucos minutos após fugir do porão de sua casa com a ajuda de soldados iraquianos. "Além disso, não há comida, não há água." 


A ONU estima que ao menos 200 mil pessoas estejam presas nos bairros que ainda estão sob controle do Estado Islâmico. Em declarações ao Conselho de Segurança da ONU, o enviado da entidade ao Iraque, Jan Kubis, informou que há provas de que o EI ampliou de forma significativa o uso de civis como escudo humano nesta fase de combate. Segundo declarações do porta voz da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos para combater o EI no Iraque e na Síria, coronel Ryan Dillon, o grande número de civis dificulta o avanço das tropas. "Mossul é a operação militar em ambiente urbano mais complexa das últimas décadas, é impossível determinar uma data para o fim dos combates", afirmou. Quando as batalhas para expulsar o EI de Mossul tiveram início, em outubro de 2016, a expectativa da coalizão e do governo iraquiano era que Mossul fosse retomada em apenas três meses. Apesar das repetidas declarações de preocupação com a população civil pelos militares, tem crescido o número de mortos, sobretudo em ataques aéreos. A ONG Iraq Body Count contabiliza quase 2.000 mortos na cidade nos últimos três meses por causa dos bombardeios aéreos. O uso de artilharia pesada em áreas densamente povoadas também cobra um preço alto à população civil. O recente pedido de esvaziamento das áreas sob domínio do EI pode indicar que as forças iraquianas planejam ampliar os ataques aéreos. Em 17 Tamous, nesta semana, a destruição é total, com grandes crateras nas ruas, carros incendiados e casas reduzidas a escombros. Militares iraquianos também têm sido acusados de assassinatos, prisões indiscriminadas, estupros e tortura. 

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