sexta-feira, 12 de maio de 2017

Milícias chavistas representam risco para países latinos, diz diretor da CIA

O diretor da CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA), Mike Pompeo, afirmou nesta quinta-feira (11) ser cada vez maior o risco representado pela alta circulação de armas na Venezuela e pelas milícias aliadas de Nicolás Maduro. "O risco de que estes coletivos (como são chamadas as milícias chavistas) atuem fora de controle aumenta a cada minuto", declarou, em audiência na Comissão de Inteligência do Senado americano. 

A alta quantidade de armamento nas mãos dos civis é um dos motivos que explicam a alta mortalidade na onda de protestos, iniciada há 40 dias. Dos 39 mortos nas manifestações, 24 foram baleados, a maioria pelos milicianos. A situação pode piorar se Maduro puser em prática a compra de fuzis para a Milícia Bolivariana, força oficial formada por civis. O anúncio, feito em 17 de abril, foi criticado pela oposição e pela comunidade internacional. Para Pompeo, a transferência de armas também põe em perigo os vizinhos. "Existem muitas armas circulando na Venezuela e o risco é incrivelmente real e sério, uma ameaça também para as Américas do Sul e Central". O tráfico é a principal fonte de armas para organizações criminosas na região, que vão desde as "maras" (gangues centro-americanas) até as facções do narcotráfico, como os cartéis mexicanos e os traficantes brasileiros. Apesar dos baleados e da presença frequente de armas nos protestos das últimas semanas, o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, disse nesta quinta-feira que o uso de armas letais nas manifestações "ficou no passado". "Isso acontecia antes da Constituição de 1999, antes que o comandante Hugo Chávez outorgasse a proeminência ao respeito aos direitos humanos", afirmou, em entrevista ao canal Russia Today, vinculado ao Kremlin. Nesta quinta-feira, Lilian Tintori, mulher do dirigente opositor preso Leopoldo López, e sua sogra, Antonieta López, foram recebidas em Brasília pelo presidente Michel Temer e por senadores como o tucano Aécio Neves.

Segundo o porta-voz do Planalto, Temer disse esperar que López "esteja logo no convívio de sua família, em clima de harmonia e liberdade" na Venezuela e reiterou as reivindicações do governo brasileiro ao chavismo. O opositor foi condenado a quase 14 anos de prisão sob a acusação de incitação à violência nos protestos de 2014. Antes da reunião, o presidente conversou sobre a crise no país caribenho com o argentino Mauricio Macri. A visita de Tintori é parte da ofensiva opositora para conseguir apoio da comunidade internacional na pressão contra Maduro, reforçada em 2016. O presidente da Assembleia Nacional, Julio Borges, viajou nesta quinta a Lima.

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