terça-feira, 6 de junho de 2017

Associação de aéreas árabes compara bloqueio do Qatar a embargo a Cuba


O secretário geral da Organização das Companhias Aéreas Árabes, Abdul Wahab Teffaha, comparou o bloqueio do tráfego aéreo por cinco países do Oriente Médio a vôos operados pela Qatar Airways ao embargo americano a Cuba, que durou mais de 50 anos. Na sua avaliação, ainda é prematuro avaliar quanto tempo a suspensão de vôos vai durar ou suas consequências econômicas, mas análises preliminares de consultorias especializadas apontam que 30% da receita da Qatar Airways poderão ser impactadas com a decisão. Arábia Saudita, Emirados Árabes, Egito, Iêmen e Bahrein romperam na manhã de ontem as relações diplomáticas com o Qatar, acusando-o de apoiar o terrorismo. Um dos desdobramentos da decisão é o bloqueio do espaço aéreo às operações da Qatar Airways, de controle estatal. Etihad Airways e a Emirates Airlines, ambas dos Emirados Árabes, anunciaram que vôos com partida e com destino em Doha, capital do Qatar, estarão suspensos a partir de hoje. Em resposta, a Qatar informou que também suspenderá seus serviços para os países que a impedirem de voar. As três aéreas são associadas da organização liderada por Abdul Wahab Teffaha. "Não foi uma decisão de uma associada contra outra. É a política interferindo nos negócios. É uma decisão de Estados soberanos. Elas (Etihad e Emirates) obedeceram ordens dos seus governos. Foi o que aconteceu entre EUA e Cuba. Quando o governo americano decidiu não voar mais para a ilha, as aéreas pararam. Recentemente, eles levantaram o embargo, e elas puderam voltar a voar", disse Teffaha, que participou ontem da 73ª Reunião Anual da Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata), que acontece em Cancún, no México. De acordo com a consultoria OAG, o bloqueio do tráfego aéreo pelas nações árabes vai resultar na suspensão de 76 vôos de diferentes companhias que operam no Qatar. Desses, 52 são da Qatar Airways. A consultoria Frost & Sullivan estima que 30% da receita da Qatar Airways serão afetadas com a decisão. A notícia da suspensão dos vôos da Qatar Airways pegou os executivos que estão no evento da Iata de surpresa. Nenhum dele se arriscou a a dimensionar prejuízos para a companhia, mas afirmaram que a empresa terá que buscar alternativas de vias aéreas para atender todos os seus destinos, inclusive o Brasil. Segundo um executivo, para alcançar o Brasil - a Qatar voa para São Paulo - o avião sobrevoa a Arábia Saudita. Por isso, para manter a rota em operação a empresa terá que contornar o país árabe, o que levará necessariamente a um aumento de custo. A Qatar comprou 10% da Latam no ano passado, por cerca de US$ 600 milhões. Também tem 20% da IAG, dona da British Airways e da espanhola Iberia. 

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