quinta-feira, 15 de junho de 2017

DonaldTrump deve vetar transações entre empresas dos Estados Unidos com militares comunistas de Cuba


O presidente americano, Donald Trump, se prepara para anunciar mudanças na reaproximação iniciada com Cuba no final de 2014, entre as quais pode estar a proibição de transações entre empresas e instituições americanas a entidades vinculadas às Forças Armadas cubanas, que controlam o turismo na ilha. Um alto funcionário, segundo informações divulgadas nesta quinta-feira, disse que esta é apenas uma das medidas que Trump pretende anunciar e que seriam adotadas em um prazo ainda indeterminado. Até o momento, a Casa Branca se limitou a informar que Trump visitará Miami nesta sexta-feira para fazer o anúncio, mas não se pronunciou sobre as medidas projetadas. Em Washington, especula-se que Trump poderia também reduzir o número autorizado de viagens de cidadãos americanos como turistas a Cuba, talvez só uma viagem ao ano. Desde que o ex-presidente muçulmano Barack Obama e Raúl Castro surpreenderam o mundo em 17 de dezembro de 2014, ao anunciar uma nova fase nas relações bilaterais, Washington tentou avançar no desmonte de algumas medidas administrativas de restrição ao comércio e às viagens. No entanto, desde a campanha eleitoral de 2016, Trump comprometeu-se a rever a política de Washington com relação a Havana, e deve anunciar nesta sexta-feira, em Miami, um pacote de mudanças. A iniciativa deve ser vista em um contexto de contrastes marcantes. De um lado, diversas pesquisas mostram que, no geral, a maioria da população de origem cubana que mora nos Estados Unidos defende melhores relações com Cuba, inclusive a enorme comunidade cubana radicada no Estado da Flórida. Ao mesmo tempo, essa parcela da população dos Estados Unidos foi elemento fundamental na campanha eleitoral: esse grupo apoiou Trump maciçamente, permitindo-lhe vencer na Flórida, um passo essencial para que chegasse à Casa Branca. Da mesma forma, o lento processo de reaproximação entre os Estados Unidos e Havana teve, desde o primeiro dia, o apoio entusiasmado de diversos setores empresariais, especialmente os ligados à agricultura, ao turismo e às telecomunicações. A política americana anterior com relação a Cuba impediu empresas locais de atuarem na ilha, e isto permitiu que muitas empresas européias conseguissem acordos vantajosos. A partir de 2015, empresas americanas prepararam investimentos para apoiar sua atuação em Cuba, e a Casa Branca certamente encontrará dificuldades em adotar estas iniciativas. Para o advogado Pedro Freyre, o cenário criado pelo restabelecimento de relações diplomáticas não deverá sofrer mudanças fundamentais. Trump possivelmente lançará "uma política mais restritiva ou mais rígida, mas dentro da perspectiva de manter o processo de comunicação aberto", disse Freyre. Há uma semana, cerca de 50 mulheres cubanas que querem iniciar suas empresas enviaram uma carta pessoal para a filha do presidente, Ivanka Trump, para convidá-la a visitar a ilha e testemunhar o impacto positivo que a reaproximação teve. Segundo esta carta, "milhões de cubanos" se beneficiaram desta reaproximação pelo crescimento nos setores de hotelaria, restaurantes e até desenvolvimento de software. De forma simétrica, segundo o grupo de análise Engage Cuba, a interrupção do processo de aproximação com a ilha colocaria em risco nada menos que dez mil empregos nos Estados Unidos, só no setor dos transportes. Para Jason Marzak, do grupo de análise Atlantic Council, empresas como "Airbnb, Google e dezenas de outras investiram milhões" para se beneficiar da reaproximação. Mais de 250 mil americanos visitaram Cuba nos primeiros cinco meses de 2017, o que representou um crescimento de 145% com relação ao mesmo período de 2016. Ao fim de maio, segundo informação do Escritório Nacional de Estatísticas e Informação, visitaram Cuba 284.565 americanos.

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