sexta-feira, 30 de junho de 2017

Iraque declara fim do califado da organização terrorista Estado Islâmico após retomada de mesquita em Mossul


Após oito meses de confrontos armados, as forças do Iraque capturaram nesta quinta-feira a mesquita histórica e destruída de Mossul de onde o Estado Islâmico proclamou sua versão de um "califado" três anos atrás, informou um comunicado dos militares iraquianos. As autoridades disseram que esperam que a longa batalha no bastião do grupo extremista termine nos próximos dias.

Retomar a Grande Mesquita de Al-Nuri representa uma vitória simbólica para as forças do Iraque em Mossul, Norte do país, que tem servido como capital de facto do Estado Islâmico no Iraque. Os insurgentes explodiram a mesquita medieval e seu característico minarete inclinado uma semana atrás, enquanto forças iraquianas apoiadas pelos Estados Unidos iniciavam uma arremetida em sua direção. "O Estado fictício deles caiu", afirmou o brigadeiro-geral Yahya Rasool, porta-voz do Exército iraquiano, na TV estatal.

Ainda nesta quinta-feira, o Observatório Sírio de Direitos Humanos, que monitora a guerra civil na Síria, disse que os terroristas do grupo Estado Islâmico (EI) estão bloqueados em Raqa, seu principal reduto no país vizinho ao Iraque, após o último acesso à cidade ser fechado pela aliança árabe-curda que conduz uma ofensiva na cidade, informou uma ONG. As Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas por uma coalizão liderada pelos Estados Unidos, "assumiram o controle de uma região ao sul do rio Eufrates, cortando assim a última estrada que o Estado Islâmico poderia utilizar para se retirar de Raqa", explicou Rami Abdel Rahmane, diretor da ONG.

O primeiro-ministro do Iraque, Haider al-Abadi "emitiu instruções para levar a batalha à sua conclusão", informou o gabinete. Ele classificou a destruição do local como uma "declaração oficial de derrota" por parte do Estado Islâmico, no momento em que as tropas iraquianas avançam na Cidade Antiga de Mossul, último reduto dos jihadistas, e dão mais um passo rumo ao controle total da segunda maior cidade do Iraque.

A retomada de Mossul de fato marcaria o fim do poder do califado do Estado Islâmico no Iraque apesar do grupo extremista ainda controlar territórios no oeste e sul da cidade. A capital do Estado Islâmico na Síria, Raqqa, também está tomada pela coalizão liderada pelos curdos, apoiada pelos Estados Unidos.

O custo da guerra tem sido enorme, no entanto. Além de baixas militares, milhares de civis foram mortos. Cerca de 900 mil pessoas, quase metade da população antes da guerra na cidade, fugiram do conflito, buscando refúgio em campos para desabrigados ou com amigos e parentes, segundo grupos de ajuda humanitária. Aqueles que continuaram presos na cidade enfrentam privação de comida e itens básicos, além do risco de morte e bombardeios em meio às ruínas de Mossul.

Os soldados do Serviço Contraterrorismo (CTS) capturaram a mesquita de al-Nuri em operação no amanhecer desta quinta-feira, segundo comandante da unidade de elite treinada pelos EUA à TV estatal. Os civis nas regiões próximas foram retirados da área nos últimos dias, disse. As unidades CTS agora estão no controle da área da mesquita e das vizinhanças de al-Hadba e Sirjkhana, e continuam a avançar, de acordo com o comunicado militar. A coalizão liderada pelos EUA está fornecendo apoio aéreo e terrestre às forças iraquianas.

Três anos depois de tomar Mossul, o paradeiro de Baghdadi continua desconhecido, enquanto o Estado Islâmico perdeu a maior parte dos territórios que ocupava como resultado de uma ofensiva lançada em junho de 2014. Em 16 de junho, o exército russo indicou em um comunicado que provavelmente havia matado o líder da organização jihadista durante um ataque aéreo realizado no final de maio contra uma reunião de líderes do EI perto Raqa, principal reduto do grupo no norte da Síria. A coalizão internacional liderada por Washington afirmou não ser capaz de confirmar o anúncio de Moscou.

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