terça-feira, 27 de junho de 2017

Janot pede ao STF novo inquérito para investigar Michel Temer e o Decreto dos Portos


O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, a abertura de um novo inquérito para investigar o presidente Michel Temer e fatos relacionados à edição do Decreto dos Portos, de maio. Para a Procuradoria-Geral da República, há indícios de que o decreto, assinado por Temer, tenha beneficiado a empresa Rodrimar, que atua no Porto de Santos, no litoral paulista, historicamente área de influência do presidente e do PMDB. O pedido de nova investigação tem como base documentos apreendidos na Operação Patmos e interceptações telefônicas de Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-deputado e ex-assessor da Presidência apontado como homem de confiança de Temer. Juntamente com o presidente, Loures passou a ser investigado após a delação da JBS.

Em um dos telefonemas, Loures conversa com Gustavo do Vale Rocha, subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência, e pede para que seja acrescentada ao decreto uma norma para beneficiar empresas que obtiveram concessão para atuar em portos antes de 1993 - caso da Rodrimar em uma das áreas que explora em Santos. "Realmente é uma exposição muito grande para o presidente se a gente colocar isso (o pré-93)... Já conseguiram coisas demais nesse decreto", responde Gustavo do Vale Rocha a Rodrigo Rocha Loures. Em outro grampo feito pela Polícia Federal com autorização judicial, o ex-assessore do presidente conversa com um executivo da Rodrimar e presta contas sobre as articulações para a edição do decreto.

A Procuradoria Geral da República destaca que, em relatório da Polícia Federal, o executivo Ricardo Mesquita, da Rodrimar, foi "cogitado como um dos operadores financeiros para receber o dinheiro de propina paga" a Loures e Temer. "Deve-se mencionar que não existe empecilho, neste caso, para investigar o presidente da República. Isso porque há elementos que indicam a prática de atos no exercício do mandato, vez que relacionados à promulgação do referido Decreto dos Portos, ocorrida em 10 de maio de 2017", afirma Janot. O novo inquérito, se autorizada a sua instauração, terá como alvos Temer e Loures e ouvirá, entre os depoimentos solicitados, Antônio Grecco, dono da empresa portuária Rodrimar, o assessor jurídico Gustavo Rocha e João Baptista Lima Filho, coronel aposentado da Polícia Militar de São Paulo, e o advogado José Yunes, ambos próximos do presidente.

A Procuradoria Geral da República também pediu a Fachin que remeta parte dos autos à Procuradoria da Repúblico no Distrito Federal para apurar eventuais irregularidades cometidas por servidores do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), onde Loures tentou intervir em favor da JBS.

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