terça-feira, 6 de junho de 2017

Policia Federal faz 84 perguntas por escrito a Michel Temer sobre escândalo com a JBS


A Polícia Federal encaminhou na tarde desta segunda-feira ao Supremo Tribunal Federal 84 perguntas ao presidente Michel Temer (PMDB) sobre as suspeitas que recaem sobre ele em decorrência da delação premiada de executivos da JBS. Temer é alvo de um inquérito no Supremo por corrupção passiva, obstrução da Justiça e pertencimento a organização criminosa, todas acusações derivadas de uma reunião entre ele e Joesley Batista, dono da JBS, e dos depoimentos feitos pelo empresário e outros diretores do grupo ao Ministério Público Federal em acordo de delação. Assim que for notificado, Temer terá 24 horas para entregar as respostas. A intenção original da Polícia Federal era interrogar o presidente pessoalmente, mas a tentativa foi barrada pelo ministro Edson Fachin, responsável pelo inquérito no Supremo. Temer também tentou evitar o interrogatório, mesmo por escrito, até que fosse concluída a perícia no áudio feito por Joesley, mas não obteve êxito – Fachin apenas permitiu que o presidente, caso queira, não responda a questões relacionadas diretamente à gravação. A legislação estabelece que “o presidente e o vice-presidente da República, os presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal poderão optar pela prestação de depoimento por escrito, caso em que as perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, lhes serão transmitidas por ofício”. Além de Temer, o inquérito 4483 do Supremo tem como alvo o deputado federal afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR). Na conversa gravada por Joesley, Rocha Loures foi apontado por Temer como interlocutor para atender a demandas do grupo J&F no governo, incluindo uma disputa contra a Petrobras no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Em conversas gravadas entre o empresário e o parlamentar, ambos tratam da compra do silêncio de Eduardo Cunha e Lucio Funaro e do pagamento de 500.000 reais semanais em troca da ajuda no Cade. Rocha Loures foi filmado pela Polícia Federal recebendo uma mala com o dinheiro em São Paulo, entregue pelo diretor de relações institucionais da JBS e também delator, Ricardo Saud. O inquérito ainda tinha como investigado o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), mas Fachin atendeu a pedidos das defesas do tucano e de Temer e separou as investigações sobre eles nesta terça-feira. 

Nenhum comentário: