terça-feira, 6 de junho de 2017

Suspeito de enviar fuzis de Miami foi flagrado no Alemão em 2010


Imagens da RJTV mostram o traficante de armas Frederick Barbieri no interior do Complexo do Alemão em 2010. Frederick é apontado como responsável por enviar 60 fuzis ao Rio, que foram apreendidos no terminal de cargas do aeroporto internacional do Galeão, na semana passada, pela Polícia Civil. O ano do flagrante é o mesmo da implantação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na comunidade. Frederick, na ocasião, já era um dos grandes fornecedores de armas do Rio. Os 60 fuzis estavam no interior de aquecedores de piscina. Quatro homens foram presos na ocasião. Um deles é João Vitor Rosa. Nesta gravação inédita, feita com autorização da Justiça, Frederick conversa sobre uma negociação de armas. João Vitor chama o fuzil de "flecha" e munição de "muni". 
Comparsa: Tem que pegar uma flecha daquela ali e quantas muni?
João Vitor: Acho que é 18 (CAIXAS DE MUNIÇÃO), né, que ele falou.
Comparsa: É, mas não tem tudo aqui não, cara.
João Vitor: Tem quantos?
Comparsa: Só tem nove
João Vitor: Conta direitinho pra não ter erro aí, hein, cara.
João Vitor foi fotografado numa sala da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas, ao lado de José Carlos dos Santos Lins, o Chuca, que também foi preso na quinta-feira. Investigado desde 2009, Frederick Barbieri até agora não teve seu nome incluído na lista vermelha da Interpol. Frederick teve a prisão preventiva decretada pela Justiça Federal da Bahia em maio de 2015. "Depois que esse mandado vai pra polícia, a responsabilidade pelo cumprimento dele é da polícia. Esse fato é um fato que merece investigação pelo Ministério Público. Tem que verificar o que teria havido nesse caso", diz o juiz Antonio Scarpa, que decretou a prisão do criminoso. Passados mais de dois anos, o nome de Frederick Barbieri não está no banco nacional de mandados de prisão, do Conselho Nacional de Justiça. Em 2010, um contêiner que veio de Miami, Flórida (EUA), ficou retido no Porto de Salvador. Dentro dele havia munições e acessórios de armas de fogo de uso restrito. O dono era Barbieri. Temendo ser preso, Barbieri se mudou para Miami em julho de 2012. Só três anos depois, em 2015, um mandado de prisão por tráfico internacional de armas foi expedido contra ele, tornando-o foragido da Justiça brasileira. Ainda assim, Barbieri voltou a pisar três vezes em solo brasileiro em vôos que saíam de Miami e vinham direto para o Rio de Janeiro - na última vez, ele saiu dos Estados Unidos em 29 de julho de 2015, e retornou em 20 de agosto. Mas ele nunca foi preso porque o mandado de prisão contra ele nunca foi incluído no sistema da Polícia Federal. Baribieri nunca foi capturado, mas, ainda assim, no sistema do Superior Tribunal de Justiça, constava como preso. Em 2016, o Ministério Público Federal na Bahia pediu que o nome de Barbieri fosse incluído na lista vermelha da Interpol, mas o juiz Antonio Oswaldo Scarpa, da 17ª Vara Federal da Bahia, não concordou. Em sua decisão, Scarpa considerou que Barbieri vivia há anos nos Estados Unidos, em endereço conhecido. O magistrado determinou que se o homem retornasse ao Brasil, poderia ser preso. Em nota, o juiz que não aceitou incluir o nome de Barbieri na lista dos mais procurados disse que os "novos elementos" vão ser anexados ao processo e a situação será "reavaliada".


Apesar de o nome de Frederik Baribieri já aparecer em monitoramentos da polícia, a investigação que levou à apreensão de 60 fuzis, na maior ação do tipo já realizada no Rio de Janeiro, teve início, há cerca de dois anos, a partir da morte de um policial militar em São Gonçalo, na Região Metropolitana. Em 2015, uma troca de tiros dentro de um ônibus terminou com um PM e um criminoso mortos. O militar estava a caminho de casa quando um bandido entrou no coletivo e anunciou o assalto. O PM reagiu, o bandido atirou e os dois acabaram morrendo. Foi aí que a polícia começou a refazer o "caminho" que levou à identificação das pessoas que forneciam aquele tipo de armamento a criminosos. "Começamos a fazer um link, analisar as apreensões de armas que eram feitas pela polícia civil (...) e estudar o tipo de armas e onde que elas eram mais apreendidas", detalhou o delegado Tiago Dorigo, delegado assistente da DRFC. A Polícia Civil percebeu que o mesmo tipo de arma, no caso, um fuzil de assalto calibre 7.62 milímetros, estava sendo usado por vários bandidos em diferentes comunidades do Rio de Janeiro. Ao aprofundar as investigações, os agentes chegaram a João Victor de Silva Roza e José Carlos dos Santos Lins, ambos intermediários nas negociações de armas e munições entre Frank Barbieri e os criminosos cariocas.

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