terça-feira, 11 de julho de 2017

Afastado da presidência do PSDB, o playboy Aécio Neves discute se partido continua com Temer

Investigado em nove inquéritos no Supremo Tribunal Federal e afastado da presidência do PSDB desde maio, o senador Aécio Neves (PSDB-SP) viajou a São Paulo para participar, na noite desta segunda-feira, de uma reunião da cúpula tucana para discutir o posicionamento do partido em relação ao governo Michel Temer. Além do senador mineiro, estão no encontro, no Palácio dos Bandeirantes, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o presidente em exercício do partido, o senador Tasso Jereissati (CE), entre outros. A expectativa, no entanto, é que nenhuma decisão definitiva sobre o desembarque do partido seja tomada durante a reunião. Afinal, trata-se do PSDB, cuja maior especialidade é o murismo.

Aécio Neves recuperou seu mandato de deputado no fim de junho, após ficar cerca de 40 dias afastado por determinação do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, em razão das delações premiadas do grupo JBS. O senador é investigado pela Procuradoria-Geral da República por ter sido gravado pelo empresário bucaneiro caipira Joesley Batista pedindo R$ 2 milhões para sua defesa na Lava-Jato. Além disso, executivos da empresa disseram que pagaram pelo menos R$ 60 milhões a Aécio Neves em 2014. 

A convocação do encontro causou desconforto entre tucanos excluídos do encontro. O prefeito de Manaus, Artur Virgílio, divulgou uma carta ao PSDB na tarde desta segunda-feira em que diz que não seria um “ato de coragem” do partido abandonar o governo Temer. “Minha definição pessoal é clara: ‘desembarcar’ do governo, a pretexto de continuar apoiando as reformas — na verdade abrindo espaço real para o impedimento do presidente — não soaria como ato de coragem. Sinceramente, não! Definitivamente não!”, escreveu o tucano.

Artur Virgílio abriu a carta questionando os critérios de escolha dos convidados da reunião. “Fiquei sem entender os critérios de convocação para a reunião. Tempo de militância e lealdade ao PSDB? Número de mandatos parlamentares e executivos? Passagem por estratégico ministério, por liderança de governo e por oito anos consecutivos de liderança de oposição encarniçada ao presidente mais popular de nossa história republicana? Direção do partido por três anos inteiros? Solidariedade a tantos companheiros, alguns certamente presentes à sessão desta noite, em momentos delicados de suas vidas políticas, cercados pelo barulho ensurdecedor da omissão, sempre cômoda, de tantos?”, ironizou o prefeito, que é a favor da manutenção do apoio a Temer.

A lista de presentes à reunião no Palácio dos Bandeirantes incluiu o ex-ministro José Serra; os líderes do partido no Senado, Paulo Bauer (SC), e na Câmara, Ricardo Tripoli (SP); os senadores Cássio Cunha Lima (PB), José Anibal (SP), os deputados Silvio Torres (SP) e Samuel Moreira (SP); os governadores Marconi Perillo (Goiás), Beto Richa (Paraná), Reinaldo Azambuja (Mato Grosso do Sul) Pedro Taques (Mato Grosso); o ex-senador José Aníbal (SP) e o prefeito de São Paulo, João Doria. Ou seja, a turma da alta plumagem, a cacicalhada. A indiada braba sempre é excluída desses convescotes da República.

Mesmo os mais enfáticos contra a permanência na base aliada admitem que é pouco provável, neste momento, um desembarque total do partido. O senador Cássio Cunha Lima, que na semana passada afirmou que a legenda deveria abandonar os cargos no governo, acredita que dificilmente haverá uma decisão partidária sobre a relação com Michel Temer.

A tendência, para Cássio, é que algumas lideranças do partido continuem a criticar o governo Temer, como ele próprio, o presidente interino da legenda, senador Tasso Jereissati, e alguns deputados, entre outros, enquanto outra parcela do PSDB manterá o apoio ao Palácio do Planalto. Para o senador, os tucanos de São Paulo devem adotar uma posição mais crítica em relação ao governo, mas os ministros do partido, provavelmente, permanecerão em seu cargos.

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