terça-feira, 11 de julho de 2017

EUA confirmam vitória em Mossul; retomada revela cidade destruída

Um dia após o governo do Iraque proclamar vitória, os Estados Unidos confirmaram nesta segunda-feira (10) a retomada de Mossul do Estado Islâmico (EI). Os primeiros relatos indicam que os nove meses de conflito deixaram a cidade iraquiana quase totalmente devastada. Em algumas das áreas mais afetadas, nenhum prédio escapou dos danos causados pelas batalhas. Nesta segunda-feira, o premiê do Iraque, Haider al-Abadi, afirmou que agora a prioridade do governo é a "estabilidade e a reconstrução" de Mossul, que fora o último grande reduto do EI no país. Ele proclamou a "vitória total" na região. "Anuncio daqui o fim, o fracasso e o colapso do falso Estado terrorista que o Estado Islâmico anunciou em Mossul", disse Abad.

Para o comandante da coalização internacional liderada pelos Estados Unidos, Stephen Townsend, contudo, ainda "há uma luta dura pela frente". A operação de retomada da cidade contou com o apoio essencial de forças externas. 


Mesmo reconhecendo a vitória como um golpe decisivo contra os terroristas islâmicos, Townsend afirmou que ela não elimina por completo o Estados Islâmico na região. Mais cedo, forças iraquianas ainda encontravam focos de resistência terrorista islâmica em Mossul e os confrontos continuavam. "Eles não aceitaram a rendição. Gritam 'não vamos nos render, queremos morrer", disse o general Sami al-Aridhi, um dos comandantes das forças de elite de contra-terrorismo. Além dos focos de resistência em Mossul, o Estado Islâmico ainda controla as cidades de Tal Afar (50 km a oeste de Mossul) e Hawija (300 km ao norte de Bagdá), bem como as zonas desérticas da província de Al-Anbar (oeste) e a região de Al-Qaïm, na fronteira com a Síria.

Também nesta segunda-feira, o Iraque recebeu diversas manifestações de apoio da comunidade internacional pela retomada de Mossul. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elogiou a reconquista. "A vitória demonstra que os dias do Estado Islâmico no Iraque e Síria estão contados", disse Trump em comunicado. Já o governo do Irã felicitou o país pela vitória e ofereceu ajuda para reconstruir áreas destruídas. "Felicitamos a população corajosa e o governo do Iraque pela libertação de Mossul", escreveu no Twitter o chanceler iraniano, Javad Zarif. O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, questionou quem vai pagar pela reconstrução da cidade. "Mossul está em ruínas", disse.

A presença dos terroristas islâmicos em Mossul provocou também uma crise humanitária na região, marcada pela fuga de milhares de civis. Segundo a ONU, cerca de 900.000 pessoas continuam deslocadas. Muitos deles passaram a viver em acampamentos fora da cidade, com pouca proteção do calor do verão. Os civis encurralados em Mossul viveram os últimos meses em "condições terríveis", sofrendo com a falta de alimentos e a água, os bombardeios e os intensos combates, além de serem usados como escudos humanos pelos extremistas. "É provável que milhares de pessoas continuem deslocadas por vários meses", afirmou o Alto Comissariado para os Refugiados (Acnur) em um comunicado divulgado nesta segunda-feira: "Muitos não têm mais casa e os serviços essenciais, como fornecimento de água e de eletricidade, bem como as infraestruturas como escolas e hospitais, precisam ser reconstruídos ou reparados".

Há quase três anos, líderes da organização terrorista islâmica declararam, de Mossul, um "califado" juntando partes do Iraque e da Síria. Mas, além de sofrer sucessivas derrotas no Iraque, o EI é também alvo de ofensiva em Raqqa, sua autoproclamada capital na Síria. A perda progressiva de territórios enfraquece a milícia, reduzindo a capacidade de obter recursos financeiros e de recrutar combatentes.

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