terça-feira, 11 de julho de 2017

Peemedebista Sérgio Cabral diz que "denúncia mentirosa" baseou sua condenação em Curitiba

O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), disse que foi condenado à prisão em Curitiba pelo juiz Sérgio Moro a partir de uma “denúncia mentirosa” da empreiteira Andrade Gutierrez. A afirmação foi feita em interrogatório conduzido pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro, nesta segunda-feira. Segundo ele, “tem delator que distorce tudo”. “Fui condenado em Curitiba por denúncia mentirosa da Andrade Gutierrez, uma denúncia que não fica de pé. É completamente estapafúrdio”, queixou-se Sérgio Cabral ao juiz. Questionado sobre a prática de caixa 2 na arrecadação de campanhas, o peemedebista Sérgio Cabral negou que tenha favorecido as empresas doadoras. O ex-governador defendeu que é possível constatar a disseminação da prática de doações ilegais na política brasileira através de depoimentos e denúncias divulgadas na imprensa.

“Reitero e reconheço na política brasileira a existência de caixa 2. Houve doações legais feitas por empresas na minha campanha e tinha doações por caixa 2”, disse Sérgio Cabral. “Estou praticamente há 8 meses preso e vejo essa discussão sobre caixa 2 na política. Esse é um fato que existe no Brasil há décadas". O ex-governador disse desconhecer os valores pagos por empresas citadas em depoimento por seu ex-assessor Ary Ferreira da Costa Filho. Costa Filho contou ter acompanhado o recolhimento de pagamentos de caixa 2 em espécie, que somavam mais de cinco milhões de reais de cada uma das empresas em cada uma das visitas. O político admitiu que entregou sobras de campanha a Costa Filho, mas que foram muito menores que os valores informados pelo ex-assessor à Justiça. 

Costa Filho contou nesta segunda-feira em depoimento à Justiça que recebeu entre nove e dez milhões de reais de sobras de campanha do PMDB. Segundo Sérgio Cabral, ele morava em Vila Valqueire, no subúrbio do Rio de Janeiro, quando se conheceram. Hoje, o ex-assessor é apontado como proprietário de apartamentos de alto padrão em Miami e na praia da Barra da Tijuca, além de carros de luxo, como um Camaro. “Que eu tenha dado a ele algum tipo de apoio financeiro, certamente posterior à campanha, ok. Mas justificar essa emissão e compra desses imóveis, faça-me o favor, porque eu nunca soube disso”, declarou o ingênuo e crédulo peemedebista Sérgio Cabral, sobre o volume que teria repassado ao assessor. 

O ex-governador voltou a negar que recebia 5% sobre os valores dos contratos fechados com as construtoras. “Nunca foi 5%, que 5% é esse? Que maluquice é essa? Que 5% é esse? Há colaborações, há apoios, reconheço”, disse.  O depoimento de Sérgio Cabral, iniciado por volta de 11h10 da manhã, durou pouco mais de uma hora. Ele foi ouvido para responder às acusações de lavagem de dinheiro, resultado da Operação Mascate. O ex-governador volta a prestar depoimento nesta quarta-feira. O interrogatório de sua mulher, a "Princesa", a "Riqueza", a garota do Leblon, Adriana Ancelmo, que estava inicialmente previsto também para esta segunda-feira, será conduzido na quarta-feira.

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