domingo, 16 de julho de 2017

Tramandaí se tornou um matadouro, quatro foram assassinados só na noite de sexta-feira


Com quatro assassinados na sexta-feira, Tramandaí, maior cidade balneário do litoral do Rio Grande do Sul, registra o maior número de homicídios da história, neste ano de 2017. Já são 34 assassinatos neste ano; em todo o ano de 2016, foram 27. O plano de expansão para o Litoral Norte das facções criminosas da Região Metropolitana de Porto Alegre faz com que Tramandaí tenha, em 2017, o ano mais violento de sua história. Com as quatro pessoas que foram assassinadas na noite de sexta-feira (14) em uma casa, o município de 47 mil habitantes já soma 34 homicídios no ano. Os sete primeiros meses de 2017 foram tão violentos que superaram o número de vítimas por ano em Tramandaí desde 2002, quando começou a contagem da média histórica disponibilizada pela Secretaria de Segurança Pública. O delegado Paulo Perez, titular da delegacia de Tramandaí há 17 anos, afirma que está sendo difícil conter o avanço das quadrilhas — e a perspectiva para os próximos meses não é boa. "O que está acontecendo aqui é uma guerra do tráfico, como em todo o Litoral. Grupos da Região Metropolitana estão invadindo a área e executando os grupos locais, tanto é que 80% dos homicídios estão ligados ao tráfico de drogas", relata o delegado. Acreditam os meios de segurança pública que haja uma migração dos traficantes para o litoral na busca por mais pontos de venda de droga e lucratividade com o tráfico. Ainda conforme Perez, quando um local é definido como estratégico, não há negociação: os invasores agem com violência, e, geralmente, com mais poder de fogo, matam quem se nega a sair. O bairro Indianápolis (onde ocorreu a chacina de sexta-feira) é de classe média, com muitos moradores, e esse ponto de tráfico destoava do normal — comenta o policial. Apesar do alto número de casos, os inquéritos que apuram os homicídios estão quase todos já encerrados pela delegacia. Dos 34 homicídios, 27 foram solucionados, com pessoas presas pelos crimes, e a estimativa é de que 90% deles estão diretamente ligados ao tráfico de drogas. "O problema é que estamos sempre enxugando gelo. Prendemos e eles logo estão soltos. A batalha é desigual, já que o número deles (bandidos) só cresce e a nossa (da polícia) defasagem é histórica", desabafa Perez.  O comando local da Brigada Militar concorda com a avaliação dos colegas da Polícia Civil. De acordo com o subcomandante do 2º Batalhão de Patrulhamento em Áreas Turísticas, major Tiago Carvalho Almeida, até o último final de semana havia reforço no policiamento com os alunos que estavam em fase de conclusão do concurso da Brigada Militar. Além disso, o Pelotão de Operações Especiais de Capão da Canoa constantemente é deslocado para o município. "A situação não é diferente de outros municípios. A gente tem trabalhado bastante no combate, no sentido de frear a disputa que vem ocorrendo. Todos os dias apreendemos porções de drogas", comenta o major.  A investigação sobre o tiroteio que deixou quatro mortos e três feridos aponta que nenhum deles era o alvo inicial dos bandidos. Os agentes da polícia local entendem que o real alvo era o proprietário da casa, que não estava no momento do ataque. Ainda assim, os assassinos mataram todos as pessoas que estavam na residência — que funcionava como um ponto de consumo e venda. O alvo é um homem que supostamente é traficante na região, e que teve dois irmãos assassinados recentemente. O objetivo dos rivais seria liquidar as vendas dele no bairro, tomando de vez o controle do tráfico. Morreram no local Fábio Luis Bandeira, de 36 anos; Tábata Prosasko Linck, de 30 anos, e Rodrigo Seaia Motta, de 41 anos. Rogério Pereira Feijó, 34 anos, foi socorrido e leavado ao Hospital de Tramandaí, mas morreu em atendimento na madrugada deste sábado. Ficaram feridos Hary Fernandes Nunes, de 51 anos; Hericson de Oliveira Iserhardt, de 38 anos, e Maurício Saldanha dos Santos, de 28 anos.

Nenhum comentário: