terça-feira, 22 de agosto de 2017

Ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, petista Aldemir Bendine é denunciado na Lava Jato

O ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil, o amigão da Val e petista Aldemir Bendine, foi denunciado nesta terça-feira (22) pela força-tarefa da Operação Lava Jato, sob acusação de corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa e embaraço à investigação. É o primeiro ex-presidente da Petrobras a ser denunciado na Lava Jato. Bendine, que assumiu a estatal em meio à investigação, em fevereiro de 2015, é acusado de exigir R$ 3 milhões em propina para executivos da Odebrecht, a fim de proteger a empreiteira em contratos da Petrobras. “Isso mostra a audácia da prática da criminalidade na Petrobras, justamente por aquele que iria barrar a corrupção na companhia”, comentou o procurador Athayde Ribeiro Costa.

A exigência de propina, que teria ocorrido pouco depois da posse de Bendine, foi relatada na delação do ex-presidente da empreiteira Odebrecht, o sinhozinho baiano Marcelo Odebrecht, e do diretor da Odebrecht Ambiental, Fernando Reis. Segundo eles, o executivo se colocou como interlocutor da Presidência na estatal e disse que iria resolver os problemas financeiros de empresas envolvidas na Lava Jato. “O intento de Bendine era facilitar a vida da Odebrecht na Petrobras”, afirmou Costa.

Segundo o procurador, e-mails encontrados no endereço institucional de Bendine mostram que ele chegou a solicitar um parecer ao departamento jurídico da Petrobras sobre a possibilidade de encerrar o bloqueio cautelar contra a Odebrecht na estatal e que também atuou para a contratação direta do estaleiro Enseada Paraguaçu, do qual a empreiteira é sócia. Um desses pedidos foi feito dias depois da reunião que acertou o pagamento da propina com a Odebrecht, em maio de 2015. As duas operações, porém, não foram recomendadas pelo jurídico da Petrobras.

Segundo a denúncia, os pagamentos da propina acabaram sendo feitos em três parcelas de R$ 1 milhão, em espécie, em junho e julho de 2015 – por meio do setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, o departamento da propina da empreiteira bandida.

Quase dois anos depois, na mesma época em que a delação da Odebrecht era homologada, Bendine e os irmãos André Gustavo Vieira da Silva e Antônio Carlos Vieira da Silva Jr., que receberam a propina em nome do executivo, resolveram declarar à Receita Federal os valores recebidos ilicitamente, sob o manto de serviços de consultoria prestados à Odebrecht. Eles chegaram a recolher impostos dos valores – o que, para o Ministério Público, representa um embaraço à investigação, por dissimular o pagamento de propina. “Isso levou a investigação a caminhos errôneos”, afirmou Costa.

Bendine está preso preventivamente desde o final de julho, na 42ª fase da Lava Jato. Ele, que tem cidadania italiana, tinha uma viagem marcada para Portugal, o que reforçou o pedido de prisão na época. Ele nega as suspeitas e disse que nunca recebeu vantagens ilícitas. A pena do executivo, caso condenado, pode chegar a 25 anos de prisão. Além de Bendine, também foram denunciados os irmãos André Gustavo Vieira da Silva e Antônio Carlos Vieira da Silva Jr., ambos detidos em Curitiba, os executivos Marcelo Odebrecht e Fernando Reis e o doleiro Álvaro Galliez Novis, que teria atuado no pagamento dos R$ 3 milhões. Cabe ao juiz Sergio Moro, agora, decidir se aceita ou não a denúncia. Só então os denunciados virarão réus. 

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