terça-feira, 1 de agosto de 2017

Morre a legendária e mítica atriz francesa Jeanne Moreau


A atriz Jeanne Moreau, uma das mais importantes do cinema e símbolo da nouvelle vague, mítica atriz, morreu em Paris nesta segunda-feira (31), aos 89 anos. Ela atuou em mais de cem filmes ao longo de 65 anos. Em "Amantes" (1958), de Louis Malle, causou escândalo com uma cena de sexo. Quatro anos depois, em "Jules e Jim" (1962), de François Truffaut, ganhou projeção internacional ao viver o centro de um relacionamento a três. Naquela década, atuou ainda em filmes de Michelangelo Antonioni ("A Noite", de 1961), Luis Buñuel ("O Diário de uma Camareira", em 1964) e Peter Brook ("Duas Almas em Suplício", de 1960), pelo qual ganhou prêmio de atuação no festival de Cannes. "Foi-se uma parte da lenda do cinema", afirmou o presidente francês Emmanuel Macron em nota, na qual descreve Jeanne Moreau como mulher "livre, rebelde e a serviço das causas nas quais acreditava". "Tenho em mim uma espécie de energia que não controlo", disse certa vez a artista, para quem o cinema "não era uma carreira, e sim uma vida". 

Jeanne Moreau, que trabalhou até os 87 anos, pensava que, com o tempo e o sucesso, fazer seu trabalho vinha se tornando "cada vez mais difícil", sobretudo diante da "tentação, à qual não se deve ceder, de fazer qualquer coisa para agradar o público, ao invés de fazer aquilo com o que estamos profundamente de acordo". 

Jeanne Moreau nasceu em Paris em 23 de janeiro de 1928, filha de uma dançarina e de um dono de hotel e restaurante. Aos 15 anos, após ir pela primeira vez ao teatro para assistir a uma encenação de "Antígona", decidiu ser atriz. Seu sonho não foi bem recebido pelo pai. A repressão, contudo, acabou se tornando um elemento motivador. Começou sua carreira no teatro aos 19 anos, integrou a Comédie-Française e participou no primeiro Festival de Avignon, em 1947, sob a direção artística de Jean Vilar, antes de retornar ao mesmo evento 60 anos mais tarde. Interpretou mulheres rebeldes, inconformadas e à margem da sociedade. Em "Duas Almas em Suplício" viveu uma figura da burguesia insatisfeita, atormentada. Protagonista de "Jules e Jim", filme cult da nouvelle vague, encarnou uma mulher livre e moderna, enquanto em "A Noiva Estava de Preto" (1968), também de Truffaut, fez o papel de uma assassina movida por vingança. 

Em 1998 recebeu um Oscar honorário e, dez anos depois, um César honorário, da Academia de Cinema francesa. Em 2009, foi homenageada no Festival do Rio de Janeiro, no qual participou ao lado do cineasta Cacá Diegues, que a dirigiu em "Joana Francesa" (1973). No filme, não só fazia a personagem-título como entoava a canção homônima de Chico Buarque. 

Jeanne Moreau teve uma carreira paralela como cantora; seu maior hit foi "Le Tourbillon de la Vie", da trilha de "Jules e Jim". Moreau casou-se duas vezes. A primeira em 1949, com o cineasta Jean-Louis Richard, pai de seu filho, Jérôme. Seu segundo matrimônio, com o diretor americano William Friedkin, durou dois anos, de 1977 a 1979. A atriz foi encontrada morta em sua residência na capital francesa. 

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