sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Construção civil puxa para baixo resultado da indústria no PIB

O desempenho negativo da construção civil é o principal fator a derrubar os resultados da indústria no PIB (Produto Interno Bruto). No segundo trimestre, a indústria recuou 0,5% ante os primeiros três meses do ano. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, a retração foi de 2,1%. No acumulado no semestre, a queda é de 1,6%. A construção civil responde por cerca de um quarto do conjunto da indústria. 

Ainda sob influência do crédito comprimido e de dificuldades de construtoras, o setor recuou 2% ante os primeiros três meses do ano. Em relação ao mesmo período do ano passado, a queda é de 7%. Já são 13 trimestres seguidos de contração da construção civil no PIB. Com números mais positivos vindos do setor automotivo e de equipamentos de informática, a indústria de transformação teve resultado positivo no segundo trimestre de 0,1%, ante os primeiros três meses do ano. 

Na comparação anual, porém, o número ainda é negativo na indústria de transformação (-1%), com variação igual à do primeiro trimestre. A queda, porém, é menos negativa do que o período mais difícil da recessão, em meados de 2016. Já na indústria extrativa, a maior produção de petróleo e de minério de ferro, a taxa de câmbio e preços mais altos impulsionaram o setor, que cresceu 0,4% no segundo trimestre, ante o primeiro, e 5,9% ante o mesmo período do ano passado. 

No primeiro semestre, o crescimento acumulado da indústria extrativa cresceu 7,8%. Os primeiros sinais sobre a atividade industrial em agosto são positivos. O PMI do setor (índice de gerente de compras), apurado pelo IHS Markit, subiu a 50,9 depois de ter ficado em 50 em julho. Acima de 50, o indicador aponta expansão. O resultado refletiu principalmente o crescimento nos volumes de novos pedidos, diante do fortalecimento da demanda, o que levou a uma produção maior. 

A demanda externa também teve destaque no resultado, uma vez que o número de pedidos do Exterior cresceu em agosto no ritmo mais rápido desde abril de 2016, com os entrevistados citando a moeda relativamente fraca como fator. A Argentina foi citada como fonte importante de negócios. As indústrias, entretanto, enfrentaram preços mais elevados de energia, combustíveis e metais, além de tributação mais alta, e com isso os custos de insumo atingiram o patamar mais alto em cinco meses. Com isso os preços de venda voltaram a aumentar em agosto após apresentarem queda no mês anterior, com alguns entrevistados citando tentativas de proteção das margens de lucro. 

Embora a produção tenha aumentado, os empresários do setor continuaram cortando funcionários, chegando a 30 meses de perdas de posições na indústria. O PMI de agosto mostrou ainda que o otimismo da indústria perdeu força, chegando ao nível mais baixo em 16 meses, embora ainda haja expectativa de investimentos e planos de expansão de negócios. O que afeta a confiança do empresário da indústria são as preocupações com a situação política no país e com as eleições presidenciais de 2018, de acordo com o IHS Markit.

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