quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Funaro cita "pacto de silêncio" com Joesley e encontros com Temer


O lobista Lucio Funaro citou em seu depoimento ter feito um "pacto de silêncio" com o empresário Joesley Batista do Grupo J&F, dono da JBS. O rompimento do compromisso firmado entre os dois, causado pela delação de Joesley, segundo Funaro, resultou na escolha pela colaboração premiada na qual aponta ilícitos praticados por integrantes do PMDB da Câmara. Em depoimento do seu acordo juntado ao relatório da Polícia Federal sobre o "quadrilhão" do PMDB da Câmara, Funaro relata que os dois fizeram o pacto quando a Lava-Jato começou a mirar nele e no ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso em Curitiba. O acordo, diz ele, previa que Joesley manteria sua família assistida enquanto durasse uma possível prisão.

De acordo com a Polícia Federal, a preocupação do acionista da JBS teria aumentado após Funaro ter sido alvo da operação Catilinárias, em 15 de dezembro de 2015. Em reunião realizada três dias após a operação, Joesley teria proposto um contrato de R$ 100 milhões para oficializar as dívidas e dar tranquilidade ao agora delator. Funaro narra que por conta desses pagamentos ficou tranquilo porque acreditava que o empresário estava cumprindo o pacto e iria honrar os compromissos com sua família. "Não passava pela cabeça do depoente que Joesley pudesse quebrar o pacto e delatar o depoente; Que essa sensação de segurança existia por conta dos pagamentos regulares feitos e por conta dos contatos feitos entre as duas famílias", diz Funaro no depoimento.

Na delação que embasou parte do relatório da Polícia Federal sobre o "quadrilhão do PMDB da Câmara", o corretor Lúcio Funaro afirmou que esteve com o presidente Michel Temer em três ocasiões. Ele citou um encontro na base aérea de São Paulo, outro durante comício em Uberaba (MG) nas eleições municipais de 2012 e uma terceira numa reunião de apoio à candidatura de Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo, também em 2012. Na época, Temer era vice-presidente.

A delação de Funaro já foi homologada pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), mas permanece em sigilo. O corretor, que está preso desde julho de 2016, disse que trabalhou na arrecadação de dinheiro para as campanhas do PMDB em 2010, 2012 e 2014 e estima ter conseguido R$ 100 milhões para o partido e outras siglas coligadas nesse período.

Até hoje, Temer só havia admitido um encontro com o corretor, na base aérea. Segundo Funaro, em dois dos encontros estava acompanhado do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB), preso em Curitiba. 

A relação entre Temer e Cunha foi outro tema abordado na delação. Conforme o corretor, ambos atuaram durante a tramitação da Medida Provisória dos Portos para defender interesses de grupos privados aliados. O delator afirmou que Temer articulou a indicação do ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi para a presidência do Porto de Santos (SP).

De acordo com a colaboração de Funaro, Temer também tinha conhecimento do pagamento de propina pela Odebrecht por contrato da Diretoria Internacional da Petrobras. O corretor disse que quem lhe passou a informação foi Cunha. 

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