quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Investigação contra Nuzman começou na França após denúncia de doping

A investigação que resultou no mandado de busca e apreensão na residência de Carlos Arthur Nuzman, nesta terça-feira (5), começou em dezembro de 2015, na França. O presidente do COB e ex-presidente do Comitê Local da Olimpíada é investigado de participar de esquema de compra de votos para a escolha do Rio de Janeiro como sede da Olimpíada de 2016.

A ação da Polícia Federal brasileira contou com a colaboração do Ministério Público francês. Inicialmente, os procuradores franceses apuravam caso de doping no atletismo. Com o desdobramento da investigação, a Promotoria da França descobriu existência de um esquema de compra de votos na Olimpíadas do Rio.

A Justiça francesa acionou a Polícia Federal brasileira para cooperação na investigação. O alvo inicial do Ministério Público francês era Papa Diack, filho de Lamine Diack, ex-presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF). A família Diack encobriu durante anos esquema de doping envolvendo atletas russos. Por conta da investigação sobre o doping dos atletas da Rússia, a Promotoria da França seguiu os passos de Papa Diack. Os procuradores descobriram outros esquemas envolvendo a família Diack, entre os quais o elo com Nuzman e Arthur Cesar de Menezes. A revelação do caso foi feita na época pelo jornal "Le Monde".

Conforme apurou a Justiça francesa, três dias antes da eleição da escolha do Rio para sede da Olimpíada, em outubro de 2009, Papa Diack teria recebido US$ 1,5 milhão de "Rei Arthur", como é conhecido Arthur Cesar de Menezes Soares Filho. Lamine Diack também era membro do Comitê Olímpico Internacional, tendo enorme influência entre os dirigentes africanos. A propina foi enviada a Papa Diack por meio da Matlock Capital Group, um holding ligado a "Rei Arthur", localizado em paraíso fiscal.

Posteriormente, houve repasse de US$ 500 mil da conta do empresário carioca para outra conta de Diack, desta vez situada na Rússia. Lamine Diack foi afastado definitivamente do esporte e responde a processos por corrupção e lavagem de dinheiro. A transferência do dinheiro foi feita através da Matlock Capital Group, uma holding com base nas Ilhas Virgens, paraíso fiscal.

Investigadores franceses apontam que a holding é ligada a Arthur Cesar de Menezes. A Justiça francesa suspeita que esse repasse tem ligação direta com a Rio-2016. O dinheiro foi endereçado a Papa Diack, filho de Lamine Diack, então presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF). Papa e Lamine foram banidos do esporte após acusação de corrupção e lavagem de dinheiro em esquema de doping de atletas da Rússia. Lamine está preso na França. A ex-empresa de "Rei Arthur" firmou negócios com o governo estadual na gestão Sérgio Cabral no valor de R$ 2,8 bilhões, divididos em 57 contratos com 19 órgãos.

Com documentos fornecidos por autoridades fiscais dos Estados Unidos, os investigadores franceses descobriram também que Papa Diack transferiu US$ 299.300 (R$ 943 mil) para uma companhia offshore chamada Yemli Limited no dia da eleição da escolha da sede dos Jogos Olímpicos. Esta empresa, segundo o Le Monde, tem ligação com Frankie Fredericks. O ex-corredor da Namíbia foi um dos escrutinadores do Comitê Olímpico Internacional em Copenhague. A disputa pela sede dos Jogos envolvia Rio de Janeiro, Chicago, Madri e Tóquio. Na primeira rodada de votação, Madri levou a melhor, com 28 votos, tendo Rio (26 votos), Tóquio (22 votos) e Chicago (18 votos). Na última rodada, a cidade carioca virou o jogo, batendo a cidade espanhola por 66 a 32 votos.

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