quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Joesley alega "incerteza" sobre delação e se cala à Polícia Federal



O açougueiro bucaneiro Joesley Batista alegou necessidade de aguardar resolução sobre validade de seu acordo de colaboração premiada e optou por ficar em silêncio em depoimento na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, na manhã desta terça-feira. A oitiva seria feita no âmbito da Operação Greenfield, que investiga possíveis irregularidades no aporte de fundos de pensão em empresas do Grupo J&F.

No depoimento aos investigadores do caso, o empresário estava acompanhado de seu advogado, Ticiano Figueiredo, que entregou uma petição na qual explica que o silêncio de Joesley se deve à “situação de incerteza” em que se encontra o acordo de colaboração assinado com a Procuradoria-Geral da República.

Em tese, o colaborador não pode optar por permanecer em silêncio nas investigações sobre temas abordados no acordo firmado com a Justiça. Entretanto, segundo o advogado do empresário, a opção pelo silêncio não é uma violação ao acordo, uma vez que ele está suspenso enquanto a Procuradoria Geral da República realiza um procedimento para apurar possível omissão de informações pelos delatores. “Joesley não se recusou a falar, mas, em respeito ao procedimento que corre perante o Supremo Tribunal Federal, permaneceu calado e se compromete a explicar todos os fatos após a resolução dessa situação”, afirmou o defensor.

No início da semana passada, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, abriu um procedimento de revisão do acordo de delação premiada dos executivos do Grupo J&F, que controla a JBS, e pediu a revogação do benefício de imunidade penal concedido aos delatores.

O ministro Edson Fachin, do STF, aceitou pedido de Janot e suspendeu os benefícios dos delatores em despacho na última sexta-feira. Na mesma decisão, Fachin também autorizou a prisão temporária de Joesley Batista e do diretor de relações institucionais da JBS, Ricardo Saud.

O pedido para as prisões preparado pela Procuradoria Geral da República foi embasado pelo conteúdo de uma gravação entregue pelas defesas dos próprios delatores, na qual Saud e Joesley falam sobre a suposta interferência do ex-procurador Marcello Miller para ajudar nas tratativas de delação premiada. O ex-procurador ainda fazia parte dos quadros do Ministério Público Federal quando começou a conversar com os executivos, no fim de fevereiro. Ele pediu a saída da instituição naquele mês e foi exonerado, de fato, apenas em abril.

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