domingo, 22 de outubro de 2017

A empreiteira propineira corrupta Odebrecht pagou "jabutis" de 28 milhões de dólares por contratos na Petroquisa


O ex-diretor de Novos Negócios da Petroquisa, Djalma Rodrigues de Souza, o ‘Jabuti’ – segundo registros do Setor de Operações Estruturadas de Propinas da Odebrecht -, recebeu R$ 17,7 milhões em propinas da empreiteira pagos por transferências no Exterior. Ele também teria sido contemplado com mais R$ 10,7 milhões em dinheiro vivo, repassados no Brasil, segundo os investigadores, somando uma bolada de R$ 28,4 milhões. Na sexta-feira, 20, a Polícia Federal deflagrou a fase 46 da Operação Lava Jato e foi à residência de ‘Jabuti’ para prendê-lo. Os investigadores encontraram "Jabuti" na cama. Ele se recupera de uma delicada cirurgia bariátrica. O juiz Sérgio Moro, que mandou prender o "Jabuti" por cinco dias, decidiu deixá-lo em casa, mas sob restrições – não pode, por exemplo, manter contato com outros investigados.

Também são alvo dessa operação da Java Jato sem nome outros três ex-gerentes da Petrobrás, Paulo Cezar Amaro Aquino, o "Peixe’, Glauco Colepicolo Legatti e Maurício de Oliveira Guedes. A Petroquisa – Petrobrás Química S/A – era subsidiária da Petrobrás. Suas ações foram incorporadas pela estatal petrolífera em 27 de janeiro de 2012. Os projetos do braço petroquímico na Petrobrás foram conduzidos pela Área de Abastecimento, então chefiada pelo engenheiro Paulo Roberto Costa.

A investigação que levou a "Jabuti" e seu quinhão no esquema de corrupção instalado na Petrobrás descobriu os caminhos e a origem do dinheiro ilícito. Em 1º de janeiro de 2008, a Odebrecht celebrou o Contrato de Aliança 027/2008 com a Companhia Petroquímica de Pernambuco – Petroquímica Suape (PQS), com o preço meta de R$ 1,085 bilhão e o preço teto de R$ 1,194 bilhão, para construção de uma planta industrial de PTA (Ácido Terefálico Purificado).  

Em 22 de junho de 2011, foi assinado aditivo no valor de R$ 330 milhões. Em 14 de outibro de 2011, novo aditivo constituindo a denominada Verba Contigencial no valor de R$ 256,68 milhões. Ao final, o contrato ficou em R$ 1.914 bilhão, com atraso significativo na conclusão da obra.

Um segundo Contrato de Aliança foi firmado ao custo estimado de R$ 1,8 bilhão. Mas aditivos de "grande vulto" elevaram o preço do negócio para R$ 3,5 bilhões. “Um caso que evidencia o custo da corrupção, na medida em que funcionários públicos deixam de agir em benefício da empresa (Petrobrás) e passam a atuar pelo interesse da empreiteira (Odebrecht)”, disse o procurador Roberson Pozzobon, da força-tarefa da Lava Jato no Paraná.

A investigação revela que a propina de "Jabuti" foi paga através de contas em nome das offshores Magna, Klienfeld, Inovation e Seletc, todas controladas pelo Grupo Odebrecht, para contas em nome das offshores Spada Ltd., no Standard Chartered Bank, em Londres; Maher Invest Limited, no Stantard Chartered Bank, em Genebra; e também no BSI Overseas, nas Bahamas; Greenwich Overseas Group Ltd., no Lloyds Bank em Genebra. Além dos R$ 17,7 milhões depositados no Exterior, "Jabuti" teria recebido mais R$ 10,7 milhões em espécie.

“As vantagens indevidas pagas a Djalma Rodrigues de Souza estariam relacionadas a contratos do grupo Odebrecht com a Companhia Petroquímica de Pernambuco – Petroquímica Suape (PQS) e a Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco (CITEPE), ambas subsidiárias integrais da Petrobrás”, destacou o juiz Sérgio Moro, ao autorizar a deflagração da etapa sem nome da Lava Jato. Os pagamentos da Odebrecht foram realizados entre 16 de dezembro de 2010 e 19 de março de 2014.

Quatro delatores da Odebrecht entregaram aos investigadores documentos do Setor de Operações Estruturadas de Propinas ‘com todos os pagamentos efetuados a Djalma Rodrigues de Souza sob o codinome ‘Jabuti’, com a identificação dos contratos que geraram os créditos, entre elas a referida “PTA/POY” e também outras como o ‘DS MF’, inclusive com as ordens de depósitos efetuados nas contas no exterior’. Há também o registro de um depósito na conta em nome de Spider Consultant, sob o codinome "Jabutizão", e que o Ministério Público Federal também atribui a Djalma.

A Procuradoria informou que a prova da propina a "Jabuti" e a outros ex-gerentes da Petrobrás que são alvo da Lava Jato sem nome foi colhida nos sistemas eletrônicos da contabilidade paralela da Odebrecht, além de cooperação jurídica internacional, depoimentos de executivos da empreiteira e auditorias da Petrobrás.

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