sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Policia Civil apreende na casa de estudante de Engenharia em Santa Cruz do Sul o maior arsenal da história da bandidagem gaúcha


Uma enorme operação da Polícia Civil apreendeu 15 fuzis, de fabricação russa, romena e americana, e 21 pistolas importadas da marca Glock no bairro Universitário, em Santa Cruz do Sul, na manhã desta sexta-feira (27). De acordo com a Polícia Civil, as armas estavam escondidas no apartamento de  Jerônimo Jardim Lopes, de 26 anos, estudante de Engenharia. 


Jerônimo Jardim Lopes é de Cachoeira do Sul, mas estuda na Unisc, em Santa Cruz do Sul. Ele é conhecido como Japa. Foi preso por armazenar as armas em sua casa. Segundo apurações policiais, ele recebia R$ 10 mil por mês para guardar os fuzis. O material foi localizado na ação no forro do telhado da residência. Uma das armas era um fuzil 762 pertencente a Antônio Marco Braga Campos, o Chapolim, maior traficante do Estado do Rio Grande do Sul.

A ação que culminou na prisão do cachoeirense é consequência da investigação sobre a facção "Os Manos" em Santa Cruz do Sul. A casa Na moradia onde estavam as armas fica localizada na rua Samuel Pinto Cortez, no bairro Avenida, foram apreendidos 15 fuzis de guerra de fabricação americana e soviética, 20 pistolas e uma grande quantidade de munições. A ação foi comandada pelo delegado Luciano Menezes. 

"Ele vivia bem, frequentava festas na high-society santa-cruzense. Muita badalação, muito glamour, tudo a custas do dinheiro pago pela facção para que ele, um rapaz de família de classe média, insuspeito, fosse o responsável pelo armazenamento", afirma o delegado Luciano Menezes, responsável pela investigação.

O policial diz que a facção é investigada desde 2013 na região e que, agora, foi identificado que estava realizando ofensivas para tomar conta do tráfico de cocaína pura na região do Vale do Rio Pardo. Ele comenta que mapeou recentemente novas ofensivas da facção em cidades como Lajeado e Venâncio Aires. Os investigadores tinham certeza que para eliminar rivais a facção dispunha de um grande arsenal. Só em 2017, um total de 20 mandados judiciais foram cumpridos pelos investigadores em casas, a maioria na periferia da cidade. Até que os policiais tiveram a certeza que o armamento só poderia estar escondido em um lugar aparentemente insuspeito. "Diversas medidas cautelares cumprimos e não encontrávamos de maneira alguma. A investigação foi evoluindo e compreendemos que o raciocínio era o seguinte: drogas na periferia e o arsenal bélico nas mãos de alguém insuspeito", detalhou o delegado.

A batida da polícia no apartamento, na Rua Samuel Pinto Cortez, ocorreu no início da manhã. Era pouco depois das 6h30min quando 10 policiais da Defrec bateram à porta do suspeito. Eles foram recebidos pelo jovem, que se mostrou assustado. De cara, ele afirmou que ali havia duas pistolas, que era de um antigo morador, e que este teria se suicidado por dívidas. Os policiais decidiram fazer a revista geral, desconfiados com o nervosismo do estudante. 

A confirmação da suspeita se deu quando o forro foi aberto: dividido em caixas e enrolado em cobertas estava o arsenal que o chefe de polícia do Rio Grande do Sul, delegado Émerson Wendt, afirma ser a maior apreensão da história desse tipo de armamento no Estado. A polícia ainda apreendeu milhares de cartuchos e carregadores de fuzil 5.56, 762 e de pistola 9 milímetros. Todo o armamento foi colocado em uma caminhonete da polícia e levado para a delegacia, onde foi contado. Avaliação preliminar da Defrec aponta que as armas apreendidas estão avaliadas em R$ 3 milhões.

O armamento pertencia ao grupo do traficante Antônio Marco Braga Campos, o Chapolin, que está preso na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). O objetivo dos investigadores, agora, é conseguir responsabilizar ele e os demais líderes da facção criminosa que eram os donos.

A polícia está investigando a relação da apreensão em Santa Cruz do Sul com uma outra, no Paraná, em 22 de setembro. Sete armas foram recolhidas pela Receita Federal em um Space Fox na BR-277, em Cascavel. Dentro do carro estava um casal, que, segundo a Polícia Civil, residia em Lajeado e transportaria a arma para a região.  

Com a derrubada do esconderijo das armas, o delegado Emerson Wendt afirma que a Polícia Civil  conseguiu evitar diversas mortes e assaltos que poderiam ser feitos com o armamento, além de desequipar os criminosos para futuros confrontos com efetivos policiais.

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