sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Polícia Federal descobre até Caixa 3 em contratos do Banco do Nordeste com a cervejaria Petrópolis, laranjas da propineira Odebrecht


A Polícia Federal e o Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União deflagraram nesta sexta-feira, 22, a Operação Caixa 3 que investiga "indícios de gestão fraudulenta em operações de crédito firmadas entre o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e o Grupo Petrópolis". A investigação também mira desvio dos recursos obtidos pelo grupo empresarial para pagamento de despesas de campanhas eleitorais via a empreiteira propineira Odebrecht.

A Operação Caixa 3 tem origem em revelações de delatores da empreiteira propineira Odebrecht no âmbito da Operação Lava Jato. A operação mobilizou 72 policiais federais e 10 auditores da Controladoria para cumprimento de 14 mandados de busca e apreensão nos Estados do Ceará, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco e São Paulo. Os contratos do BNB de Fortaleza com a cervejaria compreendem o montante de, aproximadamente, R$ 827 milhões. O desvio pode chegar a R$ 600 milhões, segundo análise preliminar. 

O esquema de caixa 3, segundo a Polícia Federal, ficou caracterizado pela triangulação Banco do Nordeste, cervejaria e empreiteira culminando em "doação oculta" para as eleições de 2014. A investigação teve início com a delação de executivos da Odebrecht. A empreiteira decidiu colaborar com as investigações e fechou acordo envolvendo 78 executivos do grupo. O objetivo da Operação Caixa 3, segundo a Controladoria, ‘é a obtenção de provas sobre a ocorrência de má-fé e dolo, por parte de funcionários do BNB, na concessão e acompanhamento dos financiamentos investigados’.

As transações do BNB e o grupo empresarial foram submetidas a uma auditoria da Controladoria. A investigação mostra que as fraudes teriam ocorrido por meio de operações de crédito para a construção de duas fábricas de bebida na Bahia e em Pernambuco. Um ex-executivo da Odebrecht revelou aos investigadores da Lava Jato que houve um "conluio" da empreiteira com a cervejaria. Parte do dinheiro liberado pelo BNB para o Grupo Petrópolis foi desviada para financiamento de campanhas eleitorais em 2014, segundo a investigação.

A auditoria da CGU apontou irregularidades na avaliação, concessão e acompanhamento das operações de crédito do BNB sob exame, financiadas com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE). “Dentre as constatações está a substituição da garantia fiança bancária (avaliada com rating AA) por hipoteca de parque industrial (avaliada com rating B) autorizada pela direção e posteriormente aprovada pelo Conselho de Administração do banco após parecer técnico favorável – em desacordo com os normativos internos e de complicance da estatal”, destaca a CGU, em nota. 

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