sábado, 10 de fevereiro de 2018

Bagé raciona água de novo, é um drama já superior a duas décadas


Teve início na segunda-feira (5) de novo o rodízio de racionamento de água em Bagé, na Região da Campanha do Rio Grande do Sul, fronteira com o Uruguai. A medida foi anunciada na última quinta-feira (1), devido aos baixos níveis dos reservatórios da cidade. A escassez levou a prefeitura a decretar situação de emergência. A cidade foi dividida em dois setores, e cada um é abastecido 12 horas por dia, das 3 às 15 horas e no horário inverso, de acordo com o Departamento Municipal de Água de Bagé (Daeb). A empresária Tânia Lima da Silva conta que, no início do dia, não saía água das torneiras de casa. "Nada, nada. Já amanhecemos sem um pingo d'água. Imagina? Para tomar banho, para trabalhar, para tudo", lamenta. A cidade foi governada 16 anos pelo PT, só poderia dar nisso, igual a Porto Alegre, que está falida. 


A aposentada Ilza Oliveira Vaz armazenou a água para cozinhar em panelas e em um galão. "Falta água para fazer o almoço, dar banho nas crianças para ir ao colégio, que agora começam as aulas", conta. A justificativa para o nível dos reservatórios é a falta de chuva. O Daeb aponta que a barragem da Sanga Rasa, a principal da cidade, está 5,10 metros abaixo do nível normal, e o reservatório emergencial está 0,75m aquém. A água da barragem do Rio Piraí, que sofre menos com a estiagem, será levada ao reservatório de Sanga Rasa por uma tubulação de 5km quilômetros. 

É o sexto racionamento em Bagé nos últimos 30 anos. Muitos moradores já têm caixas d'água. Ainda assim, é preciso economizar e garantir o abastecimento nas 12 horas de corte, como faz a família do pensionista Clenir Vargas. "A água da roupa, eu tenho um tanque, então eu reservo aquela água para lavar a calçada", explica. Quem não tinha caixa d'água instalada, correu para comprar. Gerente de uma loja do ramo, Leandro Vasconcelos Leal conta que a procura foi tanta nos últimos dias que o estoque acabou. "Tivemos de reforçar os estoques porque aumentou no mínimo em cinco vezes a procura a partir da notícia do racionamento", disse. 

Água mineral se tornou item indispensável. Nas ruas, o entregador de galões Muriel Correa Morente viu o trabalho aumentar: "O trabalho está meio tocado, na correria. O pessoal está todo à procura de água". De acordo com o Daeb, as primeiras horas do racionamento ocorreram "dentro da normalidade", e apenas o bairro Floresta teve necessidade de abastecimento com caminhão pipa. Os transtornos causados a moradores devido aos racionamentos chegariam ao fim com a construção de uma nova barragem no município. Em 2011, uma obra chegou a ser iniciada, mas foi embargada dois anos depois pela Justiça. A Polícia Federal descobriu um desvio de R$ 2 milhões. Uma nova licitação deve ser lançada em abril. "Quando assumimos, assumimos o compromisso de executar essa obra, só que é passo a passo. Nós iniciamos do zero", afirma o diretor do Daeb, Volmir Silveira.

Nenhum comentário: