domingo, 25 de março de 2018

Grupo que inclui militares traficou pelo menos 40 armas em 40 dias, diz Polícia Civil do Distrito Federal


O esquema de tráfico de armas desarticulado na sexta-feira (23) no Distrito Federal movimentou pelo menos 40 armas, além de munição, nos últimos 40 dias, afirma a Polícia Civil. Ao todo, 25 pessoas foram detidas por envolvimento nos crimes. De acordo com os investigadores, cinco suspeitos cumpriram serviço militar nas Forças Armadas – um da reserva, três ex-militares e um que segue na ativa. O número inclui o chefe do esquema, Mauro de Souza Ferreira, que, segundo a Polícia Civil, serviu ao Exército e se apresentava como militar na hora de negociar o armamento.

O Comando Militar do Planalto contestou a informação. Diz que Ferreira "foi dispensado do Serviço Militar por excesso de contingente, isto é, não serviu ao Exército". No mesmo comunicado, o CMP confirma a prisão de um militar da ativa e dois "ex-militares" – que já cumpriram o tempo devido no Exército.

A operação Shooter cumpriu 22 mandados de prisão pela manhã, e outros 43 mandados de busca e apreensão ao longo do dia, em seis regiões do Distrito Federal e duas cidades de Goiás (Valparaíso e Novo Gama, ambas no Entorno da capital). Com os presos, a polícia encontrou várias armas, entre elas, pistola calibre .40, .380 e 9 mm, fuzil 7,62 e munição pesada. O número de presos (25) é maior que o de mandados de prisão (22) porque, durante o cumprimento dos mandados de busca de apreensão, três pessoas foram detidas em flagrante por posse ilegal de arma de fogo.


Ao longo da sexta-feira, enquanto os mandados eram cumpridos, informações desencontradas foram prestadas pelos investigadores e pelas Forças Armadas. As divergências se referiam, principalmente, ao "status" dos militares supostamente envolvidos no esquema. O Estatuto dos Militares mais recente é de 1980, e define as "situações" possíveis para cada membro das Forças Armadas.

Na ativa são os profissionais que estão "em serviço". Inclui os militares de carreira, quem está no serviço inicial, os reservistas convocados nas situações previstas em lei e alunos de órgãos de formação. Em contextos de guerra, todo cidadão brasileiro mobilizado é considerado na ativa.

Na reserva inclui a reserva remunerada – similar à aposentadoria, concedida sob requerimento aos militares que cumprirem 30 anos de serviço – e os cidadãos em "condições de convocação ou mobilização" – por exemplo, quem foi dispensado quando se apresentou aos 18 anos. Policiais militares e bombeiros também são considerados reserva. 

Reformado são os militares que, após terem prestado serviço por um tempo, foram dispensados em definitivo, mas continuam a receber remuneração. Essa inativação pode ocorrer por diversos motivos – idade-limite, incapacidade, condenação pelo Código Penal Militar ou fim do tempo de serviço pré-estabelecido, por exemplo.

O assessor parlamentar Robson Pereira da Rocha Silva, que trabalha com o deputado federal José Otávio Germano (PP-RS), também foi preso durante a operação. Segundo a polícia, ele também estava com uma pistola calibre .380. Robson Pereira da Rocha Silva foi nomeado para exercer o cargo no gabinete do parlamentar em 26 de junho de 2015, segundo consta no Diário Oficial da União. O deputado disse que "tem total confiança no assessor parlamentar" e que "acredita que tudo será esclarecido".

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