terça-feira, 27 de março de 2018

Raquel Dodge denuncia o senador playboy Aécio Neves e diz que ele usou mandato para alcançar objetivos espúrios’ e pede recebimento de denúncia

Em manifestação encaminhada ao Supremo Tribunal Federal, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, acusou o senador playboy Aécio Neves (PSDB-MG) de usar o cargo para atingir objetivos espúrios e reiterou o pedido para que a Corte receba a denúncia apresentada contra o tucano pelos crimes de corrupção passiva e obstrução de Justiça no âmbito da delação feita por executivos da empresa açougueira bucaneira e propineira J&F.  O playboy Aécio Neves foi gravado pedindo R$ 2 milhões ao açougueiro bucaneiro propineira Joesley Batista e é acusado de tentar atrapalhar o andamento das investigações da Operação Lava Jato. Além de Aécio Neves, o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou no ano passado Andrea Neves da Cunha, irmã de Aécio; Frederico Pacheco de Medeiros, primo do senador conhecido como Fred, e Mendherson Souza Lima, ex-assessor parlamentar do senador Zezé Perrella (MDB-MG).

“O teor das articulações de Aécio Neves, obtidas por meio das interceptações telefônicas, ilustra de forma indubitável que a conduta do acusado, que procurou de todas as formas que estavam ao seu alcance livrar a si mesmo e a seus colegas das investigações, não se cuidou de legítimo exercício da atividade parlamentar”, observou a procuradora-geral da República. “Ao contrário, o senador vilipendiou de forma decisiva o escopo de um mandato eletivo e não poupou esforços para, valendo-se do cargo público, atingir seus objetivos espúrios”, prosseguiu Raquel Dodge.

Os acusados alegam haver indícios de que o então procurador Marcelo Miller atuou na elaboração da colaboração premiada, o que levaria à anulação do acordo e as provas dele obtidas. Também argumentam que a gravação do diálogo mantido entre o senador tucano e o empresário Joesley Batista teria resultado de uma indução e provocação da própria Procuradoria Geral da República, o que poderia ser caracterizado como ação controlada sem prévia autorização judicial. “A circunstância de Marcello Miller, entre o final de fevereiro e abril de 2017, quando ainda era Procurador da República, ter prestado ‘assessoria informal’ aos executivos da J&F, orientando-os acerca das colaborações premiadas que viriam a ser celebradas com a Procuradoria Geral da República em maio do mesmo ano, não retira de tais colaborações a condição de serem manifestações livres e conscientes de vontade dos colaboradores”, ponderou Raquel Dodge. “O acordo é válido, mas por ter sido descumprida cláusula pactuada, foi rescindido. A defesa utiliza argumentos sofistas para apontar conclusão logicamente inconsistente, mas que lhe beneficia”, rebateu a procuradora-geral da República.

Raquel ressaltou que a gravação clandestina feita pelo açougueiro bucaneiro e propineiro Joesley Batista foi feita inteira e espontaneamente pelo colaborador e entregue à Procuradoria Geral da República, “sem qualquer participação do Ministério Público Federal ou da Polícia Federal”. 

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