domingo, 1 de abril de 2018

Furnas, da Eletrobras, assina contrato de R$ 578 milhões com a propineira Odebrecht para construção de usina termelétrica

A estatal Furnas, subsidiária da Eletrobras, assinou contrato de R$ 578,67 milhões com empresas do grupo propineiro Odebrecht para aumento da capacidade da termelétrica Santa Cruz, no Rio de Janeiro, segundo informações do Diário Oficial da União de segunda-feira (26). O negócio, conquistado em licitação, vem no momento em que a propineira Odebrecht é pressionada por credores em meio a dificuldades financeiras iniciadas após um enorme escândalo de corrupção que atingiu a companhia, depois de investigações da Operação Lava Jato no Brasil.


Segundo Furnas, a propineira Odebrecht Engenharia e Construção Internacional e sua subsidiária CBPO Engenharia formam o consórcio contratado para a obra na usina de Santa Cruz, que envolverá a implantação de ciclo combinado na unidade. A assinatura do contrato aconteceu em 19 de março. O negócio com a estatal não sofre restrições porque a propineira Odebrecht, apesar do gigantismo da corrupção que promoveu, não foi considerada inidônea pelas autoridades brasileiras, o que vedaria sua contratação por agentes públicos. Furnas disse que a contratação envolveu uma concorrência e que as empresas da Odebrecht apresentaram o menor preço, com uma proposta "7% abaixo do valor orçado e atualizado", segundo nota da companhia.

A UTE Santa Cruz opera atualmente com 350 megawatts de capacidade, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O fechamento do chamado ciclo combinado na usina deve garantir uma potência final de pelo menos 507 megawatts líquidos, segundo documentos da licitação. Segundo o Diário Oficial, o contrato com o consórcio da Odebrecht terá prazo de 58 meses e em regime de empreitada integral, o que significa que a empresa corrupta e propineira ficará responsável por serviços de engenharia, obras civis, fornecimento de materiais, montagem eletromecânica e comissionamento da unidade, entre outras atividades.

A operação do chamado ciclo combinado na termelétrica Santa Cruz foi permitida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em 2002, com previsão de operação a partir de 2006. Depois, Furnas ganhou prazo até o fim de 2014 para entregar as obras, mas o cronograma ainda assim não foi cumprido. O atraso do empreendimento levou a Aneel a multar a empresa em quase R$ 995 mil em 2015, infração já paga pela estatal. 

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