terça-feira, 3 de abril de 2018

Presidente do Banco Central avisa que vem aí novo corte da taxa de juro

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse nesta segunda-feira (2) que uma nova redução da taxa básica de juros, a Selic, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) “se faria apropriada”, desde que o cenário econômico permaneça estável. “Para a próxima reunião, provavelmente uma nova queda se faria apropriada desde que as condições continuem como hoje. Porque a inflação está baixa e nós queremos convergi-la para meta”, disse Goldfajn, que participou de seminário da FGV no Rio de Janeiro.


A Selic está atualmente em 6,5%, o menor valor da história. Ilan, no entanto, reforçou a visão de que há espaço para um novo corte, mas que o ciclo de redução de juros está perto do fim, já manifestada no comunicado de 21 de março divulgado após a última reunião do Copom. Após o possível novo corte, Goldfajn defende que haja uma interrupção dessa política monetária, pois acredita que a situação positiva do mercado estrangeiro não deverá se perpetuar. “Nós teremos provavelmente uma parada para avaliar se esses riscos frente ao mercado internacional vão se materializar ou não”, ponderou. O mercado financeiro está acompanhando a evolução das pressões comerciais entre China e Estados Unidos. Os dois países já anunciaram a adoção de medidas de restrição à importação. Há também incertezas sobre a política do Federal Reserve, que está no meio de um ciclo de alta dos juros da economia americana.

Goldfajn participou de um seminário promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) no Rio de Janeiro sobre a retomada do crescimento econômico. Em sua palestra, ele enfatizou a importância da queda da inflação para os sucessivos cortes da Selic. Segundo Goldfajn, chegar à taxa mínima histórica da Selic foi possível por conta, sobretudo, da queda da inflação e à conjuntura econômica internacional “benigna ao país”. Na última reunião do Copom, realizada em fevereiro, a taxa foi reduzida em 0,25 ponto, chegando à 6,50%, e para o presidente do Banco Central ainda há espaço para novo corte. Segundo ele, ambos os fatores – queda da inflação e da Selic - foram determinantes para a retomada da economia brasileira. “É uma recuperação gradual, mas consistente”, afirmou. “Não devemos acreditar que esse cenário global de crescimento geral com juros muito baixos vai se perpetuar”, ponderou Goldafjn. Ele enfatizou, ainda, que “o trabalho difícil é manter o que conquistamos” nesta retomada da economia.

Ilan Goldafjn defendeu durante o seminário da FGV que seja aprovada a autonomia do Banco Central. Embora a proposta não esteja tramitando no Congresso, ele afirmou que ela faz parte das prioridades do governo e disse acreditar ser possível que venha a ser discutida e aprovada ainda neste semestre. “O Banco Central brasileiro é o único do mundo que não tem autonomia por lei. Chegou o momento da gente mudar isso”, afirmou Goldafjn. Aprovar a autonomia da autoridade monetária implica estabelecer um mandato único para o seu presidente. No Brasil, ele tem status de ministro, mas diferentemente de outros países ele não tem mandato e pode ser demitido pelo presidente da república a qualquer momento. Se aprovada a mudança, a atual presidência permaneceria no cargo por pelo menos mais dois anos após o novo presidente da República tomar posse. Para Goldafjn, dentre as reformas na área econômica, a autonomia do Banco Central seria a mais simples de ser implantada. “Outras reformas, principalmente as fiscais, mexem com outros interesses, com os bolsos das pessoas”, enfatizou. Ele afirmou, ainda, que “a autonomia do Banco Central reduz o prêmio de risco”, o chamado “risco país”, usado para orientar investidores estrangeiros.

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