sexta-feira, 4 de maio de 2018

Venezuela prende 11 executivos de banco privado

A Venezuela anunciou nesta quinta-feira (3) a prisão de 11 altos executivos de seu maior banco privado, o Banesco, sob acusação de promover ataques especulativos à moeda venezuelana, o bolívar Trata-se da última ação do regime do ditador Nicolás Maduro contra o setor privado, ao qual acusa de fomentar a crise econômica no país. No mês passado, dois executivos venezuelanos da petrolífera americana Chevron foram presos. O procurador Tarek Saab anunciou as prisões na TV estatal, sem apresentar provas das alegações nem permitir perguntas de jornalistas. "Determinamos a responsabilidade presumida dos executivos por uma série de irregularidades, por ajudar e esconder ataques contra a moeda venezuelana com o objetivo de destruí-la", disse. O Banesco tem cerca tem 6 milhões de clientes, e sua sede em Caracas, com 65.000 m² e conhecida como Cidade Banesco, é a maior sede de um banco na América Latina.

Entre os detidos estão o CEO do banco, Oscar Doval, três vice-presidentes e um consultor jurídico, segundo o jornal venezuelano El Universal. "Estamos tranquilos porque todas as nossas atuações sempre estiveram ajustadas ao direito e à legalidade. Não é correto que tenham sido detidos", afirmou o banco em comunicado oficial. O presidente do Banesco, Juan Carlos Escotet, que vive na Espanha, chamou as detenções de desproporcionais e afirmou que está indo para a Venezuela para obter a soltura dos executivos. "Nas próximas horas vou tomar um avião para a Venezuela. Vamos bater em todas as portas para que esse problema seja esclarecido e eles sejam libertados, como merecem", afirmou em um vídeo. Com hiperinflação de 6.000% anuais, segundo a Assembleia Nacional de maioria opositora (o FMI fala em 1.088% em 2017), a Venezuela vive, além de uma grave crise de escassez de alimentos e medicamentos, a escassez de papel-moeda.

A moeda é cotada no câmbio oficial, sob estrito controle do chavismo, a 69 mil bolívares o dólar. Mas no mercado paralelo, a cotação chega a 800 mil bolívares por dólar. A oposição diz que os ataques de Maduro contra o setor privado têm o objetivo de aumentar seu apoio e controlar eventuais altas nos preços às vésperas das eleições de 20 de maio, que a maioria dos partidos opositores vai boicotar por causa das restrições a candidaturas de peso. "O governo irresponsável continua a negar sua responsabilidade na destruição do nosso bolívar. Agora estão atacando o Banesco. Isso irá apenas criar mais crise e miséria", afirmou o deputado opositor Carlos Valero. Na quarta-feira (2), o vice venezuelano, Tareck El Aissami, já havia anunciado o bloqueio de 1.133 contas bancárias no país, 90% delas do Banesco, por supostas irregularidades investigadas no âmbito da Operação Mãos de Papel. Três casas de câmbio virtuais também foram fechadas.

Segundo o vice de Maduro, a maioria dessas contas facilitaria o funcionamento de empresas de fachada "dedicadas ao tráfico de moeda e à fixação criminosa do dólar". El Aissami acusou ainda o Banesco de não pedir comprovação de residência dos clientes e de não ter informado à Superintendência das Instituições do Setor Bancário os clientes cujos movimentos bancários não correspondiam aos seus perfis financeiros. "Os clientes estão relacionados à compra e venda de divisas no mercado criminoso especulativo e, muitos deles, à extração de papel-moeda venezuelano", disse.

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